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"Lista Putin" transforma cúpula russa em "inimiga dos EUA", diz legislador

30/01/2018 07h15

Moscou, 30 jan (EFE).- A chamada "lista Putin" elaborada pelos Estados Unidos, e que inclui quase uma centena de personalidades que teriam enriquecido graças ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, transforma a cúpula do puder do país em "inimiga dos Estados Unidos", segundo um destacado legislador russo.

"A publicação do relatório do Kremlin, que inclui praticamente todos os líderes russos e os responsáveis pelas principais empresas estatais, fecha a porta para a possibilidade de um diálogo futuro, e de fato, os tornam inimigos dos Estados Unidos", disse nesta terça-feira Leonid Slutski, presidente do Comitê de Relações Internacionais da Duma (Câmara Baixa do parlamento).

"Até onde eu sei, não estamos em guerra. Esta interpretação viola completamente todos os princípios da cooperação internacional. Não tem precedentes", advertiu o legislador.

Em outra reação pela divulgação da lista, o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Konstantin Kosachev, afirmou que isso prejudica qualquer perspectiva de cooperação bilateral nos próximos anos.

"As consequências são extremamente tóxicas e minarão as perspectivas de cooperação para os próximos anos... Já não há forma de normalizar as relações, pelo menos enquanto seguir no poder em Washington a atual geração de políticos, formados durante a Guerra Fria", escreveu Kosachev em seu perfil do Facebook.

A chamada "lista Putin" identifica, a pedido do Congresso americano, 96 oligarcas e 114 altos funcionários do Kremlin que teriam ganhado poder ou riqueza graças ao presidente russo.

Na lista de 114 altos funcionários se destacam nomes como o do primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, ou o do titular de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, além de várias dezenas de assessores, gerentes de empresas estatais ou chefes da inteligência russa.

Entre os 96 oligarcas, os quais o Departamento do Tesouro lista por acumular fortunas superiores a US$ 1 bilhão, aparecem o magnata petroleiro Roman Abramovich, dono do Chelsea; Oleg Deripaska e Mikhail Projorov.

A esse respeito, o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado considerou que o Departamento do Tesouro dos EUA se limitou a "olhar a lista telefônica".

"Em uma primeira olhada na lista apresentada pelo Departamento do Tesouro ao Congresso ontem, temos a impressão que os serviços de segurança dos EUA têm se dado conta que encontrar materiais comprometedores sobre políticos russos será uma tarefa inútil, e por isso se limitaram a copiar o diretório de telefones do Kremlin", opinou Kosachov.

A lista, elaborada pelo Departamento do Tesouro, não acarreta sanções económicas nem diplomáticas para seus integrantes, mas aumenta a pressão de Washington sobre Moscou pela suposta ingerência nas eleições presidenciais de 2016.