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Gerente de emissora da Nicarágua pede ajuda a comissário de direitos humanos

23/08/2018 14h30

Manágua, 23 ago (EFE).- O gerente do a emissora "Canal 10" da Nicarágua, Carlos Pastora, pediu nesta quinta-feira "auxilio imediato" ao Comissário Nacional dos Direitos Humanos (Conadeh) de Honduras, Roberto Herrera, na embaixada hondurenha em Manágua, onde buscou proteção temendo ser "assassinado" junto com sua família.

"Os meus direitos humanos estão sendo vulnerados por um governo, e minha família e eu tememos pelas nossas vidas, denunciando que poderíamos ser assassinados, e clamando às autoridades do meu país que nos seja dado auxílio imediatamente", escreveu Pastora, em carta dirigida a Herrera.

Pastora, que tem dupla nacionalidade, hondurenha e nicaraguense, foi impedido de sair da Nicarágua, que atravessa uma crise sociopolítica que deixou centenas de mortos em protestos contra o presidente Daniel Ortega, acusado recentemente pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) de perseguir e agredir jornalistas no país.

"Apelamos ao senhor como representante dos direitos humanos no meu país, Honduras, o apoio legal e de medidas de proteção que a instituição que o senhor dirige está comprometida a proporcionar a quem precisa por estar em situações vulneráveis, como a que vivemos minha família e eu neste momento", acrescentou o gerente do "Canal 10" na carta.

Pastora afirmou que, após ser perseguido e ameaçado por se negar às pressões da emissora governista "TN8", decidiu retornar a Honduras com sua família, mas não obteve permissão.

"O atual presidente, Daniel Ortega, e seu governo tomaram ações que vão contra os direitos humanos, a liberdade de expressão e livre emissão de pensamento, com ações como as que denunciamos", ressaltou o gerente do "Canal 10".

Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a Nicarágua vive uma "terceira fase" da repressão governamental, "mais rude, mais explícita e burocrática", que consiste na "criminalização de manifestantes", frente à primeira - centrada em agressões a protestos populares - e a segunda, com ataques armados contra cidades rebeldes, todas com mortes registradas.

O governo rejeitou os relatórios da CIDH, que incluem 317 mortos, embora outras organizações humanitárias tenham informado que até 448 pessoas morreram, enquanto a Presidência só reconhece 198 mortes.