Tunísia vive 2º dia de protestos após morte de jornalista
Túnis, 26 dez (EFE).- Cerca de 20 de pessoas foram detidas na Tunísia no segundo dia de confrontos entre manifestantes e as forças de segurança após um jornalista ter tirado a própria vida como protesto pela precariedade social e econômica na segunda-feira.
Os números foram divulgados nesta quarta-feira pelo porta-voz do Ministério do Interior, Sofiene Zaag. De acordo com os dados, 13 pessoas foram detidas na cidade de Kasserine, próxima à fronteira com a Argélia, e outras cinco em Tebourba, 30 quilômetros ao norte da capital, durante as manifestações noturnas de terça-feira.
Na segunda-feira passada, Abderrazak Rezgui, um cinegrafista de 32 anos que trabalhava em uma emissora privada de televisão, morreu após atear fogo no próprio corpo em praça pública na cidade de Kasserine com a intenção de denunciar a degradação das condições de vida, principalmente dos jovens desempregados.
A polícia já abriu uma investigação para esclarecer as causas da morte. Várias pessoas foram interrogadas e podem ser acusadas de homicídio e por não prestarem socorro.
Antes de iniciar o fogo, Rezgui transmitiu um vídeo ao vivo nas redes sociais no qual explicou que pretendia iniciar uma revolução nos mesmos moldes do que ocorreu há oito anos, após o suicídio do jovem Mohamed Bouazizi na cidade vizinha de Sidi bou Sid.
Aquela ação desencadeou uma onda de protestos nas zonas rurais de que logo se propagou à capital e forçou o ditador Zine El Abidine Ben Ali a fugir do país, o que deu início à "Primavera Árabe".
Na sua mensagem, o jornalista denunciou a marginalização e a precária situação social da região, uma das mais pobres do interior da Tunísia.
"Decidi hoje iniciar uma revolução. Quem quiser me apoiar será bem-vindo. Vou protestar sozinho, vou atear fogo ao meu corpo e, se pelo menos uma pessoa conseguir um emprego graças a mim, estarei satisfeito", declarou em frente à câmera.
Além disso, convidou os jovens de Kasserine a saírem às ruas para reivindicarem os seus direitos após oito anos de "promessas descumpridas" formuladas durante a chamada "Revolução de Jasmim".
"Reivindiquem os direitos de vocês, protestem, queimem pneus. O Estado não quer movimentos pacíficos", foram as últimas palavras de seu discurso.
O Sindicato Nacional dos Jornalistas Tunisianos (SNJT) ameaçou na terça-feira fazer uma greve geral e acusou o Estado de "contribuir para transformar o setor da comunicação em um foco de dinheiro sujo que serve a interesses particulares, sem controle e sem respeito às leis e à legislação trabalhista".
A mudança política ainda é o único sucesso da "Primavera Árabe". A Tunísia segue imersa em uma grave crise econômica e social com os mesmos problemas que levaram à revolução: o desemprego, que chega a 35% entre os jovens, e a corrupção, endêmica no país.
A falta de uma verdadeira revolução econômica levou o governo a pedir empréstimos no valor de 2,5 bilhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de uma série de políticas de austeridade que, segundo os analistas, também não soube aplicar até o momento. EFE
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