Nicaraguenses protestam em frente à sede da OEA
Washington, 27 dez (EFE).- Cerca de dez nicaraguenses com bandeiras azuis e brancas, símbolo dos protestos, se concentraram em frente à sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde foi iniciada nesta quinta-feira uma sessão extraordinária do Conselho Permanente para avaliar a situação no país centro-americano.
A realização da reunião foi solicitada pelas missões da OEA de sete países: Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Peru e Estados Unidos, segundo o documento da convocação. Fora da sede da OEA, em Washington, uma dezena de nicaraguenses gritavam palavras de ordem como "Queremos uma Nicarágua livre".
Os manifestantes repreenderam à sua chegada à OEA
O embaixador da Nicarágua, Luis Alvarado, foi repreendido pelos manifestantes ao chegar à OEA, sendo chamado de "assassino". Os nicaraguenses pediram para que o diplomata não seja "cúmplice" da "repressão" do presidente Daniel Ortega.
A sessão começou por volta das 10h (horário local; 13h em Brasília) e tem como objetivo a "consideração da situação na Nicarágua", assim como a apresentação diante do Conselho Permanente do relatório elaborado pelo Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Esse relatório foi apresentado na semana passada em Washington. O GIEI afirmou que existem provas para argumentar que o governo de Ortega incorreu em crimes contra a humanidade.
No dia 19 de dezembro, o governo da Nicarágua deu por concluída a presença no país dos representantes do Mecanismo Especial de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni), que vigiava a situação dos direitos humanos, e do GIEI, que tinha como objetivo ajudar nas investigações judiciais, o que representou a sua saída da organização.
A sessão é presidida pela embaixadora da Costa Rica para a OEA, Montserrat Solano, e conta com a presença do secretário-geral da OEA, Luis Almagro.
A Nicarágua está imersa em uma crise desde o dia 18 de abril, com protestos que cobram a renúncia de Ortega. Essa crise já deixou 325 mortos desde abril, de acordo com a CIDH, embora alguns grupos elevem para 545 o número de mortos. O governo só reconhece 199 mortes e denuncia uma tentativa de golpe de Estado.
Organizações humanitárias locais também contabilizam 674 presos políticos, enquanto o governo de Ortega registra 340 réus considerados terroristas, golpistas ou criminosos comuns. EFE
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