Agente eleitoral e policial são linchados durante eleições na RDC
Kinshasa, 31 dez (EFE).- Um agente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) e um policial foram linchados no domingo em um centro de votação na República Democrática do Congo (RDC), informou o presidente da entidade, Corneille Nangaa.
Em entrevista à televisão pública congolesa "RTNC", Nangaa disse que houve um problema com uma máquina de votos na cidade de Walungu, situada na província de Kivu do Sul.
Por esse motivo, um técnico da CENI foi chamado para que pudesse resolver o problema e "as pessoas (...) acharam que ele iria votar no candidato 13 (o governista Emmanuel Ramazani Shadary)", afirmou Nangaa.
"Isso fez com que a população o linchasse até morrer", confirmou o presidente da CENI, que disse que essas mesmas pessoas também lincharam um policial.
As informações coletadas pela Agência Efe e pela imprensa local falavam de dois mortos pela intervenção das Forças Armadas durante um incidente em um colégio nessa região.
"Muita gente veio votar no candidato 4 (o opositor Martin Fayulu) e o Exército foi dispersar as pessoas no colégio eleitoral", explicou em conversa telefônica com a Agência Efe Willy Wilondja, ativista em Kivu do Sul.
No domingo, a população foi convocada para escolher o sucessor do presidente congolês, Joseph Kabila, que deixará o poder após 17 anos, assim como seus representantes nacionais e provinciais.
O presidente da CENI ainda não divulgou números oficiais, embora tenha dito que houve "uma forte presença de eleitores desde primeira hora da manhã".
Além disso, o presidente reconheceu que quatro horas depois do fechamento dos colégios, ainda havia gente votando em alguns centros.
Devido à falta de material, alguns colégios eleitorais, como os situados no bairro de Limete, em Kinshasa, um reduto da oposição liderada pelo candidato Félix Tshisekedi, ficaram sem votar até quase uma hora antes do fechamento oficial dos colégios.
Mas a lei dita que toda pessoa que estiver em uma zona eleitoral ou na fila para votar às 17h local, hora prevista para o fechamento oficial, tem garantido seu direito ao voto.
Com relação aos erros técnicos e à escassez de material eleitoral em zonas como Limete, Nangaa admitiu problemas com algumas baterias de máquinas de votar, falta de acessórios das mesmas e diversos contratempos com as cédulas e listas eleitorais.
"Nos demos conta de que toda essa comuna (Limete) não tinha as listas eleitorais. De repente, nos damos conta de que todas essas listas tinham desaparecido", disse Nangaa, que pediu perdão aos afetados" por estes imprevistos que não estavam em suas mãos" e explicou que ele compareceu em pessoa para entregar as listas para que a população pudesse votar.
Estas eleições deveriam ter ocorrido em dezembro de 2016, quando expirou o segundo e último mandato de Kabila, segundo a Constituição, mas a CENI as adiou por "problemas técnicos".
O último adiamento aconteceu na semana passada, modificando a data de 23 para 30 de dezembro depois que um incêndio em Kinshasa calcinou milhares de máquinas de votos e material eleitoral.
Apesar de tudo, este pleito pode constituir a primeira transição pacífica de poder na história da RDC desde sua independência da Bélgica em 1960. EFE
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