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Preocupado com a Venezuela, Pompeo viaja ao Brasil para posse de Bolsonaro

31/12/2018 15h36

Beatriz Pascual Macías.

Washington, 31 dez (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, inicia nesta segunda-feira uma viagem ao Brasil e à Colômbia destinada a fortalecer os laços com esses países e abordar o novo cenário na Venezuela após o dia 10 de janeiro, quando o presidente Nicolás Maduro inicia um novo mandato.

Em entrevista à imprensa, uma alta funcionária do Departamento de Estado explicou que a Venezuela será um dos temas que Pompeo abordará com o presidente colombiano, Iván Duque, com o governante peruano, Martín Vizcarra, e com Jair Bolsonaro, que tomará posse amanhã como presidente.

Segundo a citada funcionária, os EUA têm a vista posta em duas "datas importantes" para a Venezuela: 5 de janeiro, quando a Assembleia Nacional (AN, parlamento) inicia seu novo período de sessões, e no dia 10, momento no qual Maduro voltará a assumir o cargo por mais seis anos, ou seja, até 2025.

Maduro, que está no poder desde 2013, foi reeleito presidente em 20 de maio em eleições não reconhecidas pela maior parte da comunidade internacional e, portanto, surge um cenário incerto no qual os países devem decidir se mantêm ou cortam relações diplomáticas com seu governo.

Sobre o cenário venezuelano após 10 de janeiro, a funcionária tachou como algo grande. "É algo que estamos falando com outros países da região, com membros do Grupo de Lima e com outras nações, assim como com a União Europeia e outras nações interessadas. É um momento importante".

O Grupo de Lima, integrado por diversas nações que consideram que não há democracia na Venezuela e que os EUA apoiam de fora, se reuniu em Bogotá em de 31 de outubro para analisar opções a partir de 10 de janeiro, mas não anunciou nenhuma decisão.

O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, também não especificou se romperá relações com o Executivo venezuelano.

Perguntada a respeito, a funcionária não quis dar detalhes. "Não vou adiantar a nossa decisão sobre isso. Mas direi que vemos (10 de janeiro) como uma data importante e temos grande preocupação com a situação na Venezuela".

No âmbito da Organização de Estados Americanos (OEA), os EUA pediram a convocação de um Conselho Permanente para 10 de janeiro com o objetivo de debater sobre como o continente americano deve responder à posse de Maduro.

O responsável de Relações Exteriores deve permanecer no Brasil até 2 de janeiro. Na terça-feira, liderará a delegação dos EUA na posse de Bolsonaro como presidente e, posteriormente, se reunirá com o novo governante brasileiro, assim como com o futuro ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Segundo a funcionária, Pompeo e Bolsonaro conversarão sobre "assuntos regionais e os esforços para defender e promover a democracia e os direitos humanos na Venezuela, Nicarágua e Cuba", cujos governos foram qualificados pela Casa Branca como a "troika da tirania".

Além disso, no Brasil, Pompeo deve se reunir também com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com Vizcarra, a quem agradecerá pela "liderança" no Grupo de Lima.

Já no dia 2 de janeiro, Pompeo partirá rumo a Cartagena, na Colômbia, onde abordará com Duque diversos temas, incluindo a chegada de mais de um milhão de venezuelanos a território colombiano e os "esforços conjuntos" para "restaurar a democracia na Venezuela".

"Falaremos, com certeza, de nossos esforços com a Colômbia e com a região para abordar esta nova era que começa em 10 de janeiro na Venezuela", disse a fonte.

Além da Venezuela, outro país que estará sobre a mesa será a China e suas tentativas de ganhar terreno na América Latina.

Por isso, Pompeo tentará fortalecer os laços econômicos com o Brasil, um dos principais parceiros comerciais dos EUA, e além disso abordará com Duque o "êxito" do tratado entre os dois países em matéria comercial, assinado em 2012.

Este é a quarta viagem de Pompeo à América Latina nos últimos seis meses: em dezembro esteve em Buenos Aires para a cúpula do G20, em outubro viajou para Panamá e México, enquanto em julho esteve no México depois da vitória do agora presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador. EFE