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Rússia nega intenção de interferir nas eleições israelenses

09/01/2019 14h13

Jerusalém, 9 jan (EFE).- A Rússia afirmou nesta quarta-feira que "nunca interferiu nas eleições de nenhum país e não tem intenção de fazê-lo no futuro", reagindo ao debate aberto em Israel pelo serviço de inteligência interior.

Na última segunda-feira o chefe do serviço de inteligência interior, conhecido como Shin Bet, Nadav Argaman, advertiu em uma entrevista coletiva que pode haver "manipulação por parte de um país estrangeiro" para interferir nos resultados das eleições gerais que serão realizadas em 9 de abril, informaram veículos de imprensa locais, sem revelar sobre quais Estados existem suspeitas.

No entanto, começaram a surgir vozes que acusavam a Rússia, como a da chefe do partido pacifista Meretz, Tamar Zandberg, que exigiu que as forças de segurança "garantam que (o presidente russo, Vladimir) Putin não roube a eleição para seu amigo, o ditador Bibi (como chama de forma pejorativa o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu)", segundo o portal de notícias "Ynet".

Hoje, dois dias depois, a embaixada da Rússia em Israel citou em sua conta do Twitter o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que negou qualquer envolvimento de Moscou "em relação às alegações sobre a possível interferência".

A declaração da delegação diplomática veio acompanhada de uma imagem com uma mensagem irônica em inglês que dizia "Keep calm and blame Russia or Russian hackers (Mantenha a calma e culpe a Rússia ou hackers russos)".

A Rússia foi acusada de tentar interferir nas eleições presidenciais americanas de 2016 a favor do atual presidente, Donald Trump, na campanha pelo "Brexit" no Reino Unido e em outras eleições europeias recentes.

Inicialmente, segundo jornal "Maariv", o censor militar israelense proibiu a publicação de qualquer informação sobre este assunto, mas as declarações do chefe do Shin Bet foram reveladas ontem pela emissora de televisão "Hadashot".

"Não sei por qual lado atuarão. Neste ponto não posso identificar seu interesse político, mas afetará, e sei do que estou falando", declarou Argaman.

As declarações motivaram a parlamentar Ayelet Nahmias-Verbin, do Partido Trabalhista, a avaliar a possibilidade de pedir "um encontro urgente" da subcomissão cibernética do Parlamento de Israel para investigar se o país está preparado para realizar eleições sem interferências externas, e o controlador do Estado, Yosef Shapira, mobilizou seu escritório para realizar uma investigação.

O Shin Bet, por sua vez, afirmou em comunicado que tem todas as capacidades para identificar e frustrar qualquer ação dirigida a manipular o processo eleitoral. EFE