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Resoluções de EUA e Rússia sobre a Venezuela se chocam e não prosperam na ONU

28/02/2019 18h52

Nações Unidas, 28 fev (EFE).- As resoluções antagônicas sobre qual deve ser a solução para a crise da Venezuela apresentadas nesta quinta-feira pelos Estados Unidos e pela Rússia diante do Conselho de Segurança não alcançaram o consenso necessário para seguir adiante e voltaram a mostrar as diferenças no seio do principal órgão de decisão da ONU.

A proposta dos EUA, que pedia eleições livres na Venezuela, foi vetada pela Rússia e pela China, em uma votação na qual nove países respaldaram este plano, três o rejeitaram e outros três se abstiveram.

Minutos depois, a iniciativa da Rússia, que defendia a não intromissão nos assuntos internos da Venezuela, foi rejeitada por sete dos membros do Conselho e só obteve o apoio de China e África do Sul (que votaram contra o plano americano), além da Guiné Equatorial (que se absteve diante da proposta dos EUA).

"Pedimos aos membros do Conselho que não sejam cúmplices desta manobra polêmica e pedimos que votem contra o projeto dos Estados Unidos e que apoiem o nosso, que realmente quer ajudar o povo da Venezuela", afirmou pouco antes da votação o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya.

Após a votação, o enviado especial dos EUA para a Venezuela, Elliott Abrams, opinou que "a situação na Venezuela exige a nossa ação agora".

"Infelizmente, ao votar contra esta resolução, alguns membros deste Conselho continuam protegendo (o presidente da Venezuela, Nicolás) Maduro e seus amigos e prolongando o sofrimento do povo venezuelano", acrescentou.

A resolução apresentada pelos EUA propunha o início de "um processo político pacífico" na Venezuela que conduza a eleições presidenciais "livres, justas e críveis", por considerar que as de maio do ano passado, quando Maduro foi reeleito, não foram legítimas.

O texto solicitava ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que use seus "bons ofícios" para assegurar esse processo eleitoral e pede que se evite uma maior deterioração da situação humanitária, permitindo a provisão de assistência sem impedimentos para todos aqueles que a necessitam.

Já o texto da Rússia, segundo Nebenzya, dava "apoio às iniciativas de mediação internacional para ajudar o povo da Venezuela a conseguir uma solução política".

Rússia e EUA voltaram a mostrar suas ásperas diferenças sobre como resolver a questão venezuelana e Nebenzya qualificou a resolução dos Estados Unidos de "teatro absurdo" com o único objetivo de "aumentar a tensão e preparar o terreno para derrubar o governo da Venezuela".

"Só têm sanções, ameaças e o uso da força na sua caixa de ferramentas", criticou o diplomata russo. EFE