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Bombardeio no Afeganistão deixa 13 mortos, incluindo 10 crianças, diz ONU

25/03/2019 08h42

A missão da ONU no Afeganistão (Unama) denunciou hoje a morte de 13 civis, dez deles crianças, em um bombardeio das tropas internacionais no sábado na província de Kunduz, no norte do país.

"Um bombardeio executado pelas forças militares internacionais na noite de sexta-feira para sábado em Kunduz para apoiar as forças pró-governo no terreno matou 13 civis e feriu outros três", informou a Unama em comunicado.

Segundo a nota e de acordo sempre "com as conclusões preliminares", acredita-se que dez mortos eram menores pertencentes à mesma família e deslocados internos devido ao conflito no país desde a invasão dos EUA em 2001.

A operação foi realizada de madrugada em Telawka, nas imediações da cidade de Kunduz, capital da província homônima, e teve como objetivo proporcionar apoio às forças pró-governo que tinham lançado uma ofensiva contra os talibãs na zona.

"A Unama pede às autoridades pertinentes e às partes envolvidas no bombardeio que façam suas próprias investigações sobre o incidente e que tomem medidas imediatas para salvaguardar os civis de qualquer dano", apontou a missão das Nações Unidas, que também pediu uma compensação para as vítimas.

O comunicado não precisou qual país efetuou o bombardeio, mas a missão da Otan no Afeganistão se limita a proporcionar treino às forças afegãs e só os Estados Unidos dão apoio aéreo no marco de suas operações antiterroristas.

O porta-voz do Corpo de Operações Especiais do Exército afegão Abdul Qayum Nuristan rejeitou no entanto em declarações à Efe que tenha ocorrido baixas civis em Telawka e afirmou que a operação só terminou com a morte de 30 talibãs, a metade deles membros da Unidade Vermelha, uma espécie de forças especiais dos insurgentes.

A guerra do Afeganistão deixou em 2018 um número recorde de civis mortos, 3.804, o registro mais alto desde que há uma década a ONU começou a contabilizar as vítimas civis, enquanto nos despachos os Estados Unidos e os talibãs negociam um acordo de paz para pôr fim a 17 anos de conflito.

Em 2018 morreu o mesmo número de civis em bombardeios aéreos que em 2014, 2015 e 2016 juntos.

Concretamente ocorreram 1.015 vítimas civis em bombardeios aéreos (536 mortos e 479 feridos), o número mais alto em uma década, das quais 632 (393 mortos e 239 feridos) corresponderam a ataques das forças internacionais, segundo dados da Unama.