Topo

Cuba condena novas sanções dos EUA e reitera apoio a Maduro

06/06/2019 13h01

Havana, 6 jun (EFE).- O Governo de Cuba condenou nesta quinta-feira as novas sanções impostas pelos Estados Unidos, que restringiram ainda mais as visitas de americanos e proibiram as viagens em cruzeiros, e reiterou que apesar das pressões, continuará apoiando a gestão de Nicolás Maduro na Venezuela.

Em mensagem divulgada nas manchetes dos principais jornais, Havana repudiou "nos termos mais enérgicos" as novas medidas anunciadas na terça-feira e que entraram em vigor no dia seguinte, um movimento que surpreendeu as companhias de cruzeiros, que já não poderão seguir com viagens com destino a Cuba.

"Esta nova escalada reforça ainda mais as duras restrições já sofridas pelos cidadãos americanos para viajar para Cuba e endurece o embargo econômico, comercial e financeiro que os Estados Unidos impõem ao país há mais de 60 anos", traz o texto.

Segundo o governo do país, "as medidas buscam também impedir que o povo dos EUA conheça a realidade cubana e derrote assim o efeito da propaganda caluniosa que diariamente é fabricada" contra o país.

"Cuba não se amedrontará e nem se distrairá das tarefas essenciais e urgentes do desenvolvimento da nossa economia e da construção do socialismo. Estreitamente unidos, seremos capazes de enfrentar as adversidades mais desafiantes. Não poderão nos asfixiar e nem poderão nos deter", ressalta a declaração.

O Governo cubano afirmou que as novas proibições "desprezam a opinião majoritária dos americanos", que em 2018 somaram 650 mil visitas ao país.

A carta mencionou, além disso, o meio milhão de cubano-americanos que viajaram para o país no ano passado, movimentos que por enquanto continuam sendo respeitados pelo governo do presidente Donald Trump, que desde sua chegada à Casa Branca reverteu a aproximação bilateral impulsionada pelo seu antecessor, Barack Obama.

O governante republicano argumentou o endurecimento na política contra Cuba no apoio de Havana ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao qual Washington desconhece como legítimo líder do país sul-americano.

Cuba insiste que a denúncia mantida pelas tropas militares na Venezuela é "uma caluniosa acusação e uma mentira, rejeitada publicamente pelo país, que utiliza agora como novo pretexto para reforçar o bloqueio".

"A solidariedade de Cuba com o presidente constitucional Nicolás Maduro (...) não é negociável. Os mais de 20 mil colaboradores cubanos que de maneira voluntária e abnegada prestam serviços sociais nesse país, a maior parte deles no setor da saúde, continuarão ali enquanto o povo venezuelano os acolher, cooperando com essa nação irmã", ressalta a declaração.

O anúncio de Washington de que "não permitirá mais as visitas a Cuba através de navios de passageiros e embarcações recreativas, incluindo cruzeiros e iates, assim como aviões privados e corporativos" é um duro golpe ao setor turístico da ilha, a segunda fonte de renda para o Estado cubano.

Segundo números do Ministério de Turismo, no primeiro quadrimestre deste ano, os EUA eram o segundo mercado emissor de turistas a Cuba, com 257,5 mil visitantes até abril para um crescimento anualizado de 93,5%, apesar de legalmente os americanos não terem permissão para viajar para a ilha como turistas.

Desses viajantes, 55% chegaram ao país caribenho em cruzeiro, uma modalidade que cresceu 48% em relação ao ano anterior.

As novas medidas pioram ainda mais o delicado estado atual das relações entre Cuba e EUA, que restabeleceram vínculos diplomáticos em 2015 após mais de meio século de inimizade. EFE