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Argentina diz que projeto de moeda comum com Brasil "levará muito tempo"

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Argentina, Mauricio Macri, em Buenos Aires - Agustin Marcarian/Reuters
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Argentina, Mauricio Macri, em Buenos Aires Imagem: Agustin Marcarian/Reuters

07/06/2019 14h15

O ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, afirmou nesta sexta-feira que o projeto de criar uma moeda comum com o Brasil "não tem prazo para entrar em vigor e levará muito tempo, porque ainda é preciso dar muitos passos".

"Sem dúvida é um processo longo que requer antes que os países estejam ordenados", disse Dujovne em declarações em Fukuoka (Japão), onde participa da reunião de ministros de Economia do Grupo dos Vinte (G20).

"Assim como fez a Europa com o euro, é preciso aplicar determinados parâmetros para que o projeto possa ser bem-sucedido", explicou o ministro.

Dujovne lembrou que o Brasil está atualmente comprometido com um processo "muito importante", que é a reforma da Previdência, enquanto a Argentina tem pela frente a campanha para as eleições presidenciais de outubro - e as primárias de agosto -, mas afirmou que ter a visão deste projeto é algo que ajuda a "ordenar as prioridades e dar os passos necessários".

Ontem, durante a primeira visita oficial do presidente Jair Bolsonaro a Buenos Aires, foram reveladas as negociações entre ambos os países para criar uma moeda única e um banco central supranacional que conduza a política monetária comum.

Durante um encontro de Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, com empresários argentinos o tema foi abordado de forma mais aberta, já que até então era tratado com bastante reserva.

Dujovne, que lidera as conversas com Guedes, advertiu que para concretizar o projeto seria necessário antes "uma convergência em muitos aspectos: fiscais, tributários, trabalhistas", entre outros.

"Desde a criação do Mercosul não temos um projeto tão ambicioso entre Argentina e Brasil, que deve ser discutido em ambos os países, mas o primeiro passo foi dado, que é convergir na visão política", acrescentou o ministro.

Para Dujovne, uma moeda comum seria "uma maneira de promover uma maior estabilidade, um maior comércio entre os países e mais crescimento, já que Argentina e Brasil estão expostos aos mesmos choques externos".

"Basicamente são países que dependem muito das suas exportações de bens básicos, as commodities, cujas moedas se movem com uma correlação bastante parecida diante dos eventos internacionais", reconheceu.

Tanto o peso argentino - habituado a uma grande volatilidade e desvalorizado mais de 50% no último ano - como o real são duas moedas de mercados emergentes que sofrem de forma habitual o vai e vem da economia internacional e ambos os países - especialmente a Argentina, que está em recessão há mais de um ano - registram alta inflação.

"Parte do afastamento que temos entre os países se deu quando os ciclos econômicos estiveram fora de sincronia. Um país teve que desvalorizar sua moeda e o outro teve que se fechar", enfatizou Dujovne, convencido de que Argentina e Brasil têm que "se integrar mais" e abrir mais suas economias.

Durante a visita de Estado de Bolsonaro, tanto ele quanto o presidente da Argentina, Mauricio Macri, apostaram fortemente na necessidade de impulsionar o Mercosul e que é iminente o fechamento do acordo comercial que o bloco negocia há anos com a União Europeia.

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