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Moção de censura contra Abe por escândalo de pensões fracassa no Japão

25/06/2019 07h32

Tóquio, 25 jun (EFE).- Os partidos de oposição do Japão apresentaram nesta terça-feira sem sucesso uma moção de censura contra o primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, por tentar ocultar um relatório que colocava em dúvida o sistema de previdência do país

A iniciativa foi apresentada pelo bloco de partidos da oposição um dia antes do término da atual sessão parlamentar, embora como era esperado, não obteve o apoio necessário na Câmara Baixa do Parlamento japonês, onde o partido governante ostenta uma grande maioria superior a dois terços.

O motivo para a moção é a publicação no início do mês de um controverso relatório elaborado por um organização estatal que recomendava aos futuros aposentados contar com grande economia particular para complementar as aposentadorias públicas previsivelmente insuficientes.

O documentou gerou críticas da oposição e indignação dos cidadãos, refletida em várias manifestações. Diante disto, o governo de Abe reagiu qualificando o documento de "errôneo" e "enganoso".

Os partidos da oposição acusam Abe de "atuar de forma irresponsável e extremamente desonesta sobre assuntos que afetam diretamente os cidadãos" e de "rejeitar comparecer no Parlamento para prestar contas sobre o ocorrido", segundo consta na proposta de moção de censura, coletada pela agência local "Kyodo".

Os promotores da moção, entre eles a principal força da oposição, o progressista Partido Constitucional Democrático, consideram que Abe tentou esconder este delicado assunto para evitar um possível desgaste de seu partido em relação com o pleito à Câmara Alta do Parlamento, previstos para 21 de julho.

O relatório em questão, elaborado pela Agência de Serviços Financeiros, indicava que um casal que deixasse de trabalhar aos 65 anos - a idade legal de aposentadoria no Japão - necessitaria de economias pessoais de pelo menos 20 milhões de ienes (cerca de 164 mil euros) como complemento à aposentadoria pública para poder se manter até os 95 anos de idade.

O rápido envelhecimento demográfico do arquipélago japonês e seu alto endividamento público lançam cada vez mais dúvidas sobre a viabilidade do sistema nacional de previdência, segundo alertaram especialistas e organismos internacionais. EFE