Improvisada e histórica cúpula Trump-Kim reativa processo de desnuclearização
Andrés Sánchez Braun.
Seul, 30 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, realizaram uma histórica e improvisada cúpula na militarizada fronteira intercoreana que serviu para reativar as conversas sobre desnuclearização, paralisadas desde fevereiro.
Após concluir seu encontro com Kim, Trump disse que " as equipes começarão a trabalhar nas próximas duas ou três semanas", e que à frente da delegação americana estará o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o enviado especial dos EUA para Coreia do Norte, Stephen Biegun.
O reinício destes contatos é o resultado de um encontro organizado de maneira inesperada que acabou transformado em uma cúpula informal e que contou novamente com o apoio do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, uma figura-chave na mediação do processo de desnuclearização.
O encontro começou com um momento histórico quando Trump e Kim se encontraram na divisória que separa as duas Coreias, que se mantêm em guerra há quase 70 anos, no que representou a primeira reunião entre líderes de EUA e Coreia do Norte na emblemática fronteira.
Ambos se cumprimentaram com um aperto de mãos e trocaram breves palavras, com Kim dizendo: "Fico feliz em lhe ver de novo. Não esperava lhe ver jamais neste lugar".
Igualmente histórico foi o momento em que Trump decidiu atravessar a linha de demarcação militar e se transformou no primeiro presidente americano a pisar em território norte-coreano.
"Trata-se de um momento histórico que pretende pôr fim ao conflito na península", explicou depois Kim, que acrescentou que o gesto de Trump foi "valente" e que demonstra "sua vontade de eliminar todo o passado de infortúnio e abrir um novo futuro".
Por sua parte, o presidente americano disse que "estão acontecendo coisas muito positivas" na península graças à aproximação entre Washington e Pyongyang iniciada no ano passado.
"Nos reunimos e gostamos um do outro desde o primeiro dia e isso é o que importa", afirmou.
O encontro foi além do efeito puramente simbólico e publicitário que a maioria dos analistas previa depois que os dois líderes se reuniram durante quase uma hora a portas fechadas.
Posteriormente, o governante americano comentou que se tratou de "uma reunião muito consistente" e que "não há pressa" para completar a desnuclearização da Coreia do Norte.
Moon Jae-in, que acompanhou Trump à fronteira, mas não participou do encontro a portas fechadas, também avaliou muito positivamente o encontro e agradeceu os esforços do presidente americano para conseguir a desnuclearização da península.
As conversas entre Pyongyang e Washington estavam atoladas desde o desencontro demonstrado por ambos líderes a respeito do modelo para desnuclearizar a Coreia do Norte durante a cúpula realizada em fevereiro em Hanói.
Na capital vietnamita, Pyongyang defendeu uma desnuclearização gradual acompanhada da progressiva suspensão de sanções, uma oferta considerada inaceitável por Washington, que sustenta que não relaxará sanção alguma enquanto o regime não eliminar seus programas nucleares, de mísseis e de armas químicas e biológicas.
Desde então, a Coreia do Norte endureceu o tom, reivindicou que os EUA retornassem à mesa com uma postura mais flexível e, inclusive, realizou dois testes de mísseis.
O próprio Trump tirou peso desses testes hoje, argumentando que eram projéteis de curto alcance "que qualquer país teste com regularidade", mas ressaltou que, por enquanto, não vai suspender nenhuma das sanções que pesam sobre o regime de Pyongyang.
O governante americano inclusive propôs informalmente a Kim que visitasse os EUA, algo que até agora não fez nenhum líder do regime norte-coreano.
"Eu lhe disse: 'Sabe o que? No momento adequado, você vai vir, nós dois vamos estar ali'. Mas ainda nos resta caminho a percorrer. Veremos", declarou Trump sem especificar qual foi a reação de Kim ao comentário. EFE
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