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Morre segundo paciente com ebola em grande cidade congolesa

Profissionais de saúde usam equipamentos de proteção individual enquanto carregam o caixão de uma mulher congolesa morta por ebola - Baz Ratner/Reuters
Profissionais de saúde usam equipamentos de proteção individual enquanto carregam o caixão de uma mulher congolesa morta por ebola Imagem: Baz Ratner/Reuters

Em Kinshasa (República Democrática do Congo)

31/07/2019 10h10

As autoridades da República Democrática do Congo (RDC) confirmaram hoje a segunda morte de um caso de ebola detectado em Goma, capital da província do Kivu do Norte na qual vivem mais de um milhão de pessoas e que faz fronteira com a Ruanda.

A morte foi confirmada pelo professor Jean-Jacques Muyembe, o secretário que coordena há uma semana a resposta contra este surto que já deixou 1.811 mortes em 2.687 casos nas províncias de Ituri e Kivu do Norte, segundo os últimos dados do governo congolês e da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 29 de julho.

"Este caso vinha de uma região (Ituri) onde há minas e floresta. Foi contagiado ali, com certeza, e depois voltou à sua casa, na área de saúde de Nyiragongo", relatou Muyembe ao jornal local "Actualité".

"Depois de sete dias o enfermeiro que cuidava dele constatou manifestações hemorrágicas e nos alertou", acrescentou.

Este homem adulto foi internado no Centro de Tratamento de Ebola de Goma ontem pela manhã, segundo informou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que colabora na gestão desse surto.

O primeiro caso nesta grande cidade foi o de um pastor evangélico que chegou de ônibus a Goma e morreu no último dia 16 de julho enquanto era transferido a um centro de tratamento da cidade de Butembo.

"A população de Goma se move muito, portanto é um evento que tínhamos previsto. É por isso que fizemos um trabalho intensivo de preparação em Goma para poder responder imediatamente se fosse identificado um novo caso", explicou hoje o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na sua conta do Twitter.

Para Muyembe, que foi um dos pesquisadores que descobriram o vírus em 1976, será normal e significará que se está fazendo um bom acompanhamento se houver um aumento de casos agora, mas que reduzirá depois com a intervenção das equipes de resposta.

Diante do grave risco que o ebola se expanda por este grande núcleo urbano, as autoridades da RDC asseguraram que já estão tomando todas as medidas de precaução necessária.

Muyembe informou que hoje começará a vacinação das pessoas que tiveram contato com este segundo caso para evitar novas infecções.

Por sua vez, a MSF considera que o fato de que haja um segundo caso em uma cidade que se encontra a 350 quilômetros do epicentro da epidemia e logo ao lado de Ruanda é "um sinal a mais de que a epidemia não está sob controle".

Amanhã se completará um ano desde que se declarou este surto, cuja mitigação é especialmente complicada dada a grande desconfiança social e o fato de que na região operem mais de uma centena de grupos armados.

Trata-se, de fato, da primeira vez que o ebola afeta uma região em conflito.

O vírus do ebola é transmitido através do contato direto com o sangue e dos fluidos corporais contaminados, provoca febre hemorrágica e pode chegar a alcançar uma taxa de mortalidade de 90% se não for tratado a tempo.