Fernández celebra que Bolsonaro deseje uma "ligação pragmática" com seu país
Buenos Aires, 28 nov. (EFE) — O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, comemorou nesta quinta-feira que o presidente Jair Bolsonaro, com quem teve várias diferenças nos últimos meses, afirmou estar comprometido em ter um "relacionamento pragmático" com seu país.
"Vi com alegria que o presidente do Brasil propôs ter uma relação pragmática com o Mercosul. É o que devemos fazer. Porque o Mercosul vai superar Bolsonaro e Alberto Fernández", disse o peronista, que assumirá a presidência no dia 10 de dezembro, durante a conferência anual da União Industrial Argentina (UIA), em Buenos Aires.
Ontem, em Manaus, Bolsonaro se referiu a algumas palavras de seu filho Eduardo, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, que na semana passada disse que o Brasil e a Argentina deveriam ter um relacionamento pragmático.
"Eduardo não é meu porta-voz. Mas neste assunto ele está certo: teremos um relacionamento pragmático com a Argentina", disse Bolsonaro, respondendo uma pergunta do jornal argentino "Clarín".
Para Fernández, o Mercosul é a "união definitiva" dos quatro países-membros, mas também com parceiros como Bolívia e Chile "para construir um mercado comum que permita enfrentar o desafio da globalização com outra força".
"Vamos aprofundar o acordo com o Mercosul. O fato do Mercosul, na conjuntura, tem presidentes que pensam diferentemente, não me faz perder de vista a importância do Mercosul. Nenhuma disputa pessoal que eu possa ter me fará colocar a Argentina no lugar errado", afirmou.
A relação entre o novo mandatário argentino — que tem Cristina Kirchner como vice — com presidente do Brasil, país que é o principal parceiro comercial da Argentina, não começou com o pé direito.
Bolsonaro, que apoiou a reeleição de Mauricio Macri nas eleições do dia 27 de outubro, disse após a vitória de Fernández que não o parabenizaria e que com a mudança no poder, a Argentina deveria se "preparar para o pior", considerando que Fernández seguirá o mesmo caminho populista que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alberto Fernández em inúmeras ocasiões tornou público sua opinião de que a sentença de Lula, que ficou 19 meses preso na Polícia Federal de Curitiba, era injusta. O peronista chegou a chamar Bolsonaro de "misógino e violento", embora mais tarde tenha preferido diminuir as críticas pessoais ao presidente brasileiro.
Também em entrevista ao "Clarín", Bolsonaro garantiu que existe uma boa relação comercial com a Argentina, mas que dependerá apenas de Alberto Fernández para que continue desta forma.
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