Impasse entre republicanos e democratas trava avanço do impeachment de Trump
Washington, 23 dez (EFE) - O processo de impeachment aberto contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua gerando impasses entre democratas e republicanos, que não conseguem entrar em acordo sobre o calendário das audiências que serão realizadas no Senado.
Irritado com a demora, o líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, fez duras críticas à oposição nesta segunda-feira e disse considerar "absurda" a postura dos democratas.
O alvo das críticas de McConnell é a presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, que não enviou ao Senado o documento com as acusações contra Trump aprovadas pelos congressistas. Sem isso, o processo está paralisado e só deve ser retomado após o fim do recesso natalino.
"Aparentemente ela acha que pode nos dizer como conduzir o impeachment", disse McConnell em entrevista ao programa "Fox&Friends", da emissora "FoxNews", um dos mais assistidos e comentados por Trump no Twitter.
Os republicanos reclamam da postura dos democratas porque querem agilizar o andamento do processo no Senado, controlado pelo partido, e minimizar o impacto do impeachment na campanha eleitoral de 2020. Até o momento, tudo indica que Trump será inocentado das acusações.
A Câmara de Representantes aceitou na semana passada dar sequência ao processo de impeachment de Trump, acusado de obstrução ao Congresso e abuso de poder por ter tentado pressionar o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski, a abrir uma investigação contra Joe Biden, um dos possíveis candidatos democratas à presidência no próximo ano.
Pelosi disse na votação que não sabia quando enviaria o processo ao Senado, alegando que os republicanos não deram à oposição a garantia de que o julgamento do presidente será justo. E manteve a postura hoje.
"A Câmara não pode eleger os nossos chefes do impeachment até que saibamos que tipo de julgamento ocorrerá no Senado. O presidente Trump impediu depoimentos e o acesso a documentos com queixas falsas ao processo na Câmara. Qual será o pretexto agora?", questionou a democrata no Twitter.
McConnell descreveu o impasse como um "ponto morto". Os republicanos estão de mãos atadas até que Pelosi decida levar as acusações contra Trump ao Senado. "Não podemos fazer nada até que ela envie os papéis e assim todos possamos aproveitar o recesso", afirmou.
O processo de impeachment nos Estados Unidos é diferente do adotado pelo Brasil. Trump segue no poder apesar da votação na Câmara de Representantes. No Senado, que julgará se o presidente é culpado das acusações, os democratas precisam de dois terços dos votos para que ele seja afastado definitivamente do poder.
O calendário não é o único obstáculo que impede a sequência do processo de impeachment. Republicanos e democratas também não entraram em acordo sobre as regras do julgamento. A oposição quer, por exemplo, convocar novas testemunhas a depor, mas contam com a resistência de defensores de Trump.
Na entrevista à "FoxNews", McConnell afirmou que quer que o processo siga o rito adotado na votação do ex-presidente democrata Bill Clinton, inocentado no Senado das acusações feitas pela Câmara de Representantes em 1998.
"Escutaremos os argumentos iniciais, haverá um período para perguntas por escrito e nesse ponto, no impeachment de Clinton, tomamos a decisão sobre quais testemunhas convocar. Como podem imaginar, foi muito partidário, mas não deixamos que isso nos impedisse de começar. O que eu quero dizer é que o que foi bom para Clinton será bom para Trump", explicou o senador.
"Pelosi está nos entregando o impeachment mais injusto da história do Congresso dos EUA e agora está exigindo equanimidade no Senado. Ela perdeu o Congresso uma vez, perderá de novo", completou McConnell.
Com a aprovação das acusações na semana passada, Trump se tornou o terceiro presidente dos EUA a ver um processo de impeachment contra si aberto pela Câmara de Representantes. Ele se junta a Clinton e Andrew Johnson (1865-1869), ambos inocentados pelo Senado, como deve ocorrer com o atual ocupante da Casa Branca. EFE
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