EUA tentaram assassinar outro militar do Irã no dia da morte de Suleimani
Os Estados Unidos teriam lançado na semana passada um ataque aéreo no Iêmen com objetivo de eliminar Abdul Reza Shahlai, um comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã, mas não conseguiu matá-lo.
Detalhes da operação, não confirmada oficialmente pela Casa Branca, foram revelados pelo jornal The Washington Post e pela emissora norte-americana de TV CNN. A ação teria ocorrido no dia 2 de janeiro, no mesmo dia em que um drone americano assassinou o poderoso general Qassim Suleimani.
A missão frustrada levanta dúvidas se a operação contra Suleimani foi realmente uma tentativa de impedir ataques iminentes a objetivos americanos, como a Casa Branca defende desde então, ou se fazia parte de um plano mais amplo para fragilizar a Guarda Revolucionária do Irã.
Questionado pela Agência Efe sobre as revelações, a porta-voz do Pentágono, comandante Rebecca Rebarich, respondeu que "não faz comentários sobre supostas operações no Iêmen". Os EUA mantêm em segredo as ações que realiza no país, em conflito desde 2014.
"Há tempos se entende que o Iêmen é um lugar seguro para terroristas e outros adversários dos Estados Unidos", completou a porta-voz.
O suposto alvo da operação no Iêmen foi sancionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA há quase uma década pelo papel em um complô frustrado para atacar as embaixadas da Arábia Saudita e Israel em Washington.
Assim como Suleimani, Shahlai faz parte da liderança da Força Quds, responsável pelas operações da Guarda Revolucionária do Irã no exterior. Os EUA acusam os iranianos de fornecerem armas sofisticadas aos rebeldes houthis do Iêmen, que lutam pelo controle do país contra a coalizão liderada pela Arábia Saudita.
Fontes ouvidas pelo Washington Post não descartaram a hipótese de os EUA voltarem a atacar Shahlai, apesar de o presidente do país, Donald Trump, ter sinalizado que pretende acalmar a situação.
"A operação é um indício de que há uma missão com um horizonte de planejamento mais amplo, e realmente levanta dúvidas por que houve uma tentativa de explicar (o ataque de Suleimani) vinculando-o a uma ameaça iminente", disse ao jornal a pesquisadora Suzanne Maloney, especialista em Irã no Brookings Institution.
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