Topo

Esse conteúdo é antigo

Uruguai quer programa de saúde binacional em cidades na fronteira brasileira

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou - MARIANA GREIF/ REUTERS
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou Imagem: MARIANA GREIF/ REUTERS

De Montevidéu

07/05/2020 01h09

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, expressou nesta quarta-feira a disposição do governo para estabelecer um sistema de "atendimento binacional" de saúde e uma maior coordenação nas cidades que fazem fronteira com o Brasil.

"É lógico e justo", afirmou o governante após visitar com o ministro da Defesa, Javier García, os postos de fronteira do departamento de Cerro Largo, mas comentou que a decisão também depende do governo brasileiro, o qual acredita "estar em sintonia".

A fronteira do Uruguai com o Brasil abrange os departamentos uruguaios de Artigas, Rivera, Cerro Largo e Rocha. As cidades de Rivera e Santana do Livramento compartilham uma praça binacional, enquanto o município do Chuí é separado do uruguaio Chuy apenas por uma avenida.

O governo uruguaio resolveu nesta terça-feira reforçar a fiscalização sanitária na fronteira para evitar contágios de covid-19, mas continua permitindo a livre circulação de cidadãos nas localidades onde há uma "vida binacional".

"As pessoas compram de um lado, e dormem de outro. Não podemos interromper isso", comentou Lacalle Pou.

O presidente uruguaio também pediu nesta quarta-feira "mais atenção, precaução e cuidado" à população da fronteira e anunciou uma "presença sanitária maior" para evitar um grande contágio que colapse o setor de saúde do país.

De acordo com o mandatário, o Uruguai "está longe" desta situação porque "há uma capacidade ociosa" acima de 50% dos leitos das unidades de terapia intensiva.

Lacalle Pou disse que a relação na fronteira "é muito boa" e que o ministro das Relações Exteriores uruguaio, Ernesto Talvi, fala constantemente com o brasileiro, Ernesto Araújo.

MEDIDAS EM MEIO À PANDEMIA

Com a proximidade da colheita da cana-de-açúcar, que começa em 20 de maio, o presidente anunciou que serão feitos "testes massivos" nos 300 brasileiros que entram no Uruguai para trabalhar nela, e que "eventualmente" serão feitos testes aleatórios durante a colheita para controlar a propagação do coronavírus, embora isso ainda não esteja definido.

Recentemente, cerca de 80 brasileiros chegaram ao departamento fronteiriço de Treinta y Tres, dos quais 11 tiveram resultados positivos no teste de covid-19. No entanto, o presidente do Uruguai rejeitou a utilização obrigatória da máscara em todo o país.

"Eu, como presidente da República, não estou disposto a sancionar ninguém por não usar a máscara. O país não parou, mas teve uma queda muito grande", disse Lacalle Pou ao ser questionado sobre a situação econômica. Segundo o mandatário, o Uruguai deve "acelerar os motores com cautela e cuidando da saúde dos uruguaios".

De acordo com dados oficiais, o Uruguai já confirmou 670 casos e 17 mortes por covid-19 desde o início da pandemia.