África teme 2ª onda da pandemia com aumento de casos e mortes por covid-19
Nairóbi, 15 out (EFE) - Os casos e mortes por covid-19 aumentaram em vários países da África nas últimas semanas, informou nesta quinta-feira o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (CDC África), alertando que, se sua guarda for baixada, o continente sofrerá uma segunda onda da doença.
Desde que foi detectado o primeiro contágio, em 14 de fevereiro no Egito, a região acumula pouco mais de 1,6 milhão de casos (4,2% do total mundial), 39 mil mortes (3,6% do total mundial) e 1,3 milhão de curados, de acordo com os últimos dados divulgados hoje pelo CDC África, uma organização da União Africana (UA).
Cinco países respondem por 69% das infecções registradas no continente: África do Sul (696.414 - 43%), que continua a ser o epicentro africano da pandemia; Marrocos (160.333 - 10%), Egito (104.915 - 7%), Etiópia (86.430 - 5%) e Nigéria (60.834 - 4%).
Após atingir o pico em julho, os casos diminuíram, mas aumentou novamente nas últimas quatro semanas, quando foi registrado um aumento médio de 7% em novas infecções, disse hoje o diretor do CDC África, John Nkengasong.
Nesse período, também foi registrado "um aumento médio de 8% no número de novos óbitos por semana".
"Alcançamos um ponto crítico em nossa resposta" à crise do coronavírus. Assistimos a grandes reduções (de casos) e agora estamos vendo aumentos", enfatizou Nkengasong.
"Faço um apelo retumbante ao continente para que não baixe a guarda, pois as consequências seriam devastadoras", alertou o virologista camaronês.
"Não podemos nos dar ao luxo de uma segunda onda em todo o continente", em decorrência do "cansaço" na adoção de medidas para conter a propagação do coronavírus, insistiu.
Uma segunda onda também teria um impacto econômico devastador na África, onde o crescimento das infecções ocorre paralelamente ao relaxamento das medidas de contenção em muitos países cujas economias entraram em colapso devido à crise global de saúde.
"Nossas economias não sobreviveriam de forma alguma" se essa possível segunda onda chegasse, alertou o diretor do CDC África, pedindo aos países que abram suas economias "com segurança", avaliar o impacto e agir em conformidade.
Mesmo assim, a África continua sendo um dos continentes menos afetados pelo covid-19, de acordo com dados oficiais.
É uma circunstância que muitos especialistas atribuem a fatores como sua população jovem, sua experiência em epidemias anteriores (Ebola e Malária, por exemplo), sua menor interconexão e a possibilidade de gozar de alguma imunidade a outras cepas de coronavírus.
No entanto, a real incidência da pandemia permanece obscura no continente, onde apenas 16,6 milhões de testes foram realizados para uma população de cerca de 1,3 bilhão de pessoas e onde há muitos pacientes assintomáticos.
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