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Uruguai reitera desejo de que Mercosul seja "trampolim, e não um espartilho"

29/03/2021 23h49

Montevidéu, 29 mar (EFE).- O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, reiterou nesta segunda-feira a opinião de que o Mercosul precisa impulsionar os seus integrantes em vez de dificultar os seus movimentos no mercado internacional, ideia que ele expressou durante a última cúpula do bloco e que gerou conflito com o presidente da Argentina, Alberto Fernández.

"Temos uma vocação para a integração regional do Mercosul. Temos uma vocação para que o Mercosul seja um trampolim e não um espartilho ou um fardo", declarou o chefe de Governo Uruguaio à imprensa que o esperava fora do Hospital Maciel, em Montevidéu, onde ele recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 CoronaVac.

Lacalle Pou insistiu na ideia que tem defendido desde o início de seu mandato, há pouco mais de um ano, e que vários de seus antecessores também levaram ao bloco, que é a flexibilização para a busca de acordos comerciais individuais com países terceiros.

"Quando terminamos essas reuniões (particulares com cada um dos presidentes) falei de flexibilidade, o que significa que a levantei com os presidentes do bloco", afirmou o líder uruguaio em referência aos almoços realizados nos últimos meses com Fernández e os presidentes de Brasil, Jair Bolsonaro, e Paraguai, Mario Abdo Benítez.

Lacalle Pou lembrou que na última sexta-feira, durante a Cúpula de Presidentes que comemorou o aniversário de 30 anos do bloco, não houve uma nota oficial conjunta porque o Uruguai insistiu que no documento deveria ser incluída a possibilidade de negociação separada. "Como não houve acordo, algum outro disse: 'sem este parágrafo não há declaração'".

"As relações dentro do bloco têm que ser complementares e se basear nos pontos em comum entre os integrantes", salientou o uruguaio.

Os presidentes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - os fundadores do Mercosul - e os parceiros Chile e Bolívia celebraram o 30º aniversário do bloco na última sexta-feira em um evento realizado por videoconferência, no qual foram evidentes as diferenças sobre a estratégia conjunta de abertura comercial.

Embora a reunião tenha sido convocada para comemorar em harmonia o aniversário da assinatura do Tratado de Assunção, que criou o Mercado Comum do Sul em 1991, os discursos incluíram posições e cruzamentos sobre o futuro do bloco.

"O que eu destaquei é que coloquemos um fim a estas ideias que ajudam tão pouco à unidade em um momento em que a unidade é tão importante para nós. Não queremos ser o lastro de ninguém. Se formos um fardo, que peguem outro barco", declarou Alberto Fernández durante o encerramento da cúpula.