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Cristina Kirchner pede anulação do caso de memorando com o Irã

05/05/2021 00h25

Buenos Aires, 4 mai (EFE).- A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta terça-feira que pediu a anulação do caso no memorando de entendimento com o Irã, no qual é processada pelo suposto encobrimento dos iranianos acusados do atentado à bomba contra a comunidade judaica Amia, em Buenos Aires, em 1994.

A proposta de nulidade, que a ex-presidente publicou em seu perfil no Twitter, alega, entre outros motivos, interferência política no processo, especificamente devido aos supostos encontros que segundo organizações sociais ocorreram entre o ex-presidente Mauricio Macri e dois dos juízes no caso, Gustavo Hornos e Mariano Borinsky.

"Deve-se notar que várias das reuniões que Hornos e Borinsky tiveram com o ex-presidente Macri têm uma relação cronológica com decisões importantes que foram ditadas por esses mesmos juízes no caso do 'Memorando'", destaca a carta.

A fundação "Poder ciudadano" publicou semanas atrás uma lista com seis visitas do juiz Hornos à Casa de Governo, enquanto um meio de comunicação local conduziu uma investigação que incluiu 15 visitas de Borinsky à residência presidencial de Olivos durante o mandato de Macri.

"Antes dessas datas e enquanto a causa do 'Memorando' continuava seu desenvolvimento, tanto Hornos quanto Borinsky visitaram Macri em várias ocasiões, seja na vila de Olivos ou na Casa do Governo. Na verdade, as reuniões continuaram acontecendo assiduamente até o final do mandato presidencial", acrescenta o texto.

Em um vídeo que acompanha a publicação da carta, a ex-presidente argentina aponta contra esses dois juízes porque "em uma decisão escandalosa eles literalmente ressuscitaram o caso do memorando com o Irã. Quase dois anos antes, diferentes juízes da mesma Justiça federal haviam encerrado aquele caso por falta de crime".

Com este argumento de "falta de independência e imparcialidade com que os referidos magistrados atuaram neste caso", a defesa pede "a anulação da ordem de citação a julgamento e o despedimento de todas as pessoas injustamente imputadas neste processo, com menção expressa de que a formação desta causa em nada afeta seu bom nome e honra".

O memorando com o Irã foi assinado em 27 de janeiro de 2013, durante o mandato de Cristina Kirchner, e inclui a criação de uma comissão especial para investigar de forma conjunta entre os dois países o ataque contra a Amia, que deixou 85 mortos e que a Justiça argentina atribui a ex-altos funcionários do governo iraniano e do partido xiita libanês Hezbollah.

O promotor Alberto Nisman, que mais tarde foi encontrado morto em casa com um tiro na cabeça, denunciou a ex-presidente em 2015; seu chanceler, Héctor Timerman, e outros altos funcionários por uma suposta negociação, por meio do acordo, para encobrir os fugitivos iranianos acusados do ataque, eliminando os alertas vermelhos de prisão da Interpol.

O memorando nunca entrou em vigor, porque, embora o Congresso argentino tenha sancionado, nunca foi aprovado no Irã.