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"Não dá para ser verde sem ser preto": o lado racial da pauta ambiental

O Brasil é um lugar perigoso para mulheres que defendem o meio ambiente, seus territórios, seus direitos e suas comunidades - Revista AzMina
O Brasil é um lugar perigoso para mulheres que defendem o meio ambiente, seus territórios, seus direitos e suas comunidades Imagem: Revista AzMina

Do Núcleo de Diversidade

13/09/2022 09h00

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Considerada como algo menos urgente até pouco tempo atrás, a pauta ambiental tem virado assunto central na política. Tanto que ela influenciou a maior reviravolta da eleição presidencial até agora. Rompida há anos com o PT, a ex-ministra e candidata a deputada federal Marina Silva manifestou apoio a Lula, mas condicionou o gesto à aceitação de compromissos ambientais.

Estudiosos, influenciadores e políticos defendem, porém, que é impossível encarar a preservação do meio ambiente sem levar em conta o conceito de racismo ambiental. Isto é: qualquer agressão à natureza, das queimadas ao garimpo ilegal e a falta de saneamento básico, atinge principalmente e mais intensamente pessoas negras e indígenas.

Em entrevista a Ecoa, a cientista social e influenciadora Nataly Neri contou como o combate à destruição de terras indígenas e quilombolas é exemplo de como a luta ambiental e social estão associadas. Diretamente da Colômbia, onde se reúne com outras lideranças da América Latina em um encontro sobre segurança climática, a colunista de Ecoa Mariana Belmont escreveu sobre racismo ambiental.

Sem a inclusão do debate dos povos tradicionais, das comunidades quilombolas e do debate racial, vamos seguir para um modelo de neocolonialismo, modelo que prioriza a exploração do planeta e dos corpos"

Para sintetizar a ideia, ela citou o educador e candidato a deputado federal, Douglas Belchior:

Não dá para ser verde sem ser preto também"

Durante a entrevista em que declarou as pazes com o PT, Marina Silva afirmou que:

Brasileiros e brasileiras devem se unir em legítima defesa da democracia, da Amazônia e seus biomas, das mulheres e de um país próspero, diverso e democrático"

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ROCK IN RIO... No último dia do festival, o palco Sunset foi tomado por vozes negras da primeira à última atração. Teve show da Liniker com Luedji Luna, tributo a Elza Soares entoado por artistas negras, Ludmilla e a atração internacional Macy Gray. Esta última também fez homenagens à "mulher do fim do mundo", além de cantar contra o racismo.

VOZES QUE TRANSFORMAM... Em Cartaz no Rio de Janeiro durante essa semana, o musical "Elas Brilham - Vozes que iluminam e Transformam o Mundo" ressalta a trajetória de superação de mulheres como Aretha Franklin e Tina Turner.

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O ÚLTIMO BRASILEIRO... Com a invasão das tropas russas, o time ucraniano Shakhtar Donetsk sofreu uma debandada de representantes do futebol pentacampeão. Dos 14 jogadores brasileiros, só resta o ex-lateral do Palmeiras Lucas Taylor. Uma reportagem do UOL conta essa história.

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RACISMO I... A Justiça do Rio de Janeiro mandou soltar o sargento acusado de matar o vizinho Durval Téofilo Filho, um homem negro de 38 anos em, São Gonçalo. O militar diz que o confundiu com um assaltante.

RACISMO II... A influenciadora e colunista do UOL Ana Paula Xongani foi às redes sociais para denunciar um episódio de racismo que sofreu em um aeroporto de Portugal. Ela relata que, ao chegar no país, foi encaminhada para a sala da Polícia Federal com outros brasileiros negros, onde foi mantida por certa de sete horas com fome e medo.

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QUEM VOTA... Desde a última edição do Nós Negros, acompanhamos o desempenho dos candidatos entre a população negra. De acordo com o último Datafolha, ficou assim:

  • entre pretos: Lula 54 x 25 Bolsonaro (era 51% x 29%);
  • entre pardos: Lula 43 x 35 Bolsonaro (era 46% x 32%);
  • entre brancos: Lula 40 x 38 Bolsonaro (39% x 38%).

QUEM TRABALHA... Uma pesquisa do CGE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) mostra que a taxa de emprego formal entre mestres está caindo, assim como o investimento governamental em pesquisa científica. Com isso, o desemprego tem atingido profissionais bem qualificados, como a bióloga Vanessa Queiroz, que contou já ter sido preterida para uma vaga por ser muito qualificada e ter doutorado.

QUEM ESTUDA... Uma das pioneiras na adoção das cotas sociais e raciais, a Uneb (Universidade do Estado da Bahia) passou a ter mais de 70% dos alunos negros, tornando-se uma das poucas universidades a quase equiparar o perfil étnico dos seus estudantes ao da população do seu estado, que é o mais negro do país.

DANDO A LETRA

Tudo é para ontem, está atrasado ou já passou da hora. Mas, quando o assunto é mobilidade urbana, a pressa pode ser um inimigo cruel de padrões de mobilidade mais sustentáveis",
Kelly Fernandes, colunista do UOL

Kelly Fernandes - Divulgação - Divulgação
Kelly Fernandes
Imagem: Divulgação

Em Carros, Kelly Fernandes relata como a ansiedade e a pressa acabam fazendo com que as pessoas priorizem o transporte particular em detrimento das bikes ou do transporte público.

Em VivaBem, Alexandre da Silva traz um relato sobre a pressão estética vivida por mulheres negras e idosas em relação aos cabelos.

Em Notícias, André Santana conta que uma cabeleireira especialista em estética afro foi à Justiça por ter sua imagem indevidamente usada pela campanha de Simone Tebet, candidata à presidente.

Enquanto você lê esse texto, além da fome que acomete mais de 33 milhões de pessoas e o genocídio ao povo negro, mais um evento acontece: a Amazônia segue desmatada",
Edu Carvalho, colunista do UOL

Em Ecoa, Eduardo Carvalho lista dados alarmantes sobre a devastação ambiental dos biomas brasileiros e apresenta uma nova plataforma que vai monitorar queimadas na Amazônia.

Também em Ecoa, Dona Jacira reflete: o futuro a quem pertencerá?

Em Splash, Aline Ramos avalia shows no Rock in Rio e opina que Ludmilla é a maior intérprete desta geração.

Em Tilt, Akin Abaz conta como compartilhar playlist com o seu artista favorito no Spotify.

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PEGA A VISÃO

Nós queremos degradar com o equipamento resíduos de fármacos e agrotóxicos despejados na água, que atualmente é uma preocupação global''
Beni Chaúque, cientista
Pesquisador moçambicano desenvolve sistema que desinfecta água por iluminação solar - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

De Moçambique, Beni Chaúque, de 35 anos, criou um sistema que ajuda a desinfetar água com ajuda do sol na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. O protótipo é capaz de transformar a água infectada em potável.

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SELO PLURAL

Conversa de Portão 2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

No episódio Conversa de Portão #69, a pauta é a transferência de renda para além do assistencialismo com prioridade para as mães. O papo conta com a convidada Luana Génot, diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR).