Lula toma alerta de Janja e lê discurso, mas comete gafe em ato inclusivo

O presidente Lula (PT) decidiu hoje não aderir ao discurso de improviso, recorrendo ao oficial, para evitar gafes durante um evento com pessoas com deficiência.

O que aconteceu

Falar de improviso é um dos motes de Lula. Apesar de todo evento ter discurso redigido previamente por uma equipe da Secom (Secretaria de Comunicação Social), o presidente costuma ignorar o escrito e aderir à fala solta —depois de geralmente anunciar isso publicamente.

Durante o encerramento da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, foi diferente. Na abertura da fala, Lula fez uma piada sobre a equipe ficar "chateada" por ele não ler os discursos preparados e ponderou que iria aderir para não falar coisas que "pudessem criar problema".

Eu decidi ler, para não falar alguma palavra que possa me criar problema. Também, se eu falar alguma palavra, nesses assuntos vocês são os especialistas. Eu sou um analfabeto e tenho que aprender a cuidar de vocês com carinho.
Lula, em evento com pessoas com deficiência

O presidente disse ter sido alertado pela primeira-dama Janja da Silva. "Janja me alertou de uma coisa, ela falou: 'Amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar. Essa gente tem a sensibilidade aguçada'", disse o presidente. O público respondeu com gritos com o nome dela.

Antes do discurso, Lula cometeu uma gafe ao usar "portador", termo capacitista. "É o seguinte, você tem um livro que a pessoa que estiver acompanhando, o portador pode ir lendo o que ele está tateando com a mão", disse Lula. Ele apresentava um livro do fotógrafo Sebastião Salgado.

Foi logo corrigido por Janja. "Não é portador, é pessoa com deficiência", disse a primeira-dama. "Pessoa com deficiência", completou Lula.

Ele só aderiu ao improviso ao final, depois de ler todo o texto. Mais descontraído, defendeu os direitos das pessoas com deficiência, disse que é preciso avançar neste tema e voltou a questionar corte de gastos em áreas sociais.

"Quanto custou neste país não cuidar das coisas certas no tempo certo?", questionou Lula. "Todo santo dia nesse governo, toda vez que a gente vai discutir assunto qualquer, sempre aparece artigo para dizer: 'Não vai gastar muito'. Gastar com educação, com saúde, com transporte, com reforma agrária, com pessoa com deficiência."

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