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Funcionária de hospital no Texas é 1ª pessoa a contrair ebola nos EUA

Casa de enfermeira de hospital no Texas, nos Estados Unidos, é isolada após exame confirmar que ela está com ebola - Por Lisa Maria Garza
Casa de enfermeira de hospital no Texas, nos Estados Unidos, é isolada após exame confirmar que ela está com ebola Imagem: Por Lisa Maria Garza

Lisa Maria Garza

Da Reuters, em Dallas (EUA)

12/10/2014 15h32

Uma profissional de saúde do Texas contraiu ebola depois de prestar assistência a um liberiano que morreu da doença num hospital em Dallas na semana passada, elevando preocupações sobre como procedimentos médicos nos Estados Unidos destinados a impedir a propagação da doença foram violados.

A funcionária infectada, uma mulher cuja identidade não foi revelada pelas autoridades neste domingo (12), é a primeira pessoa a contrair a doença nos EUA. Autoridades de saúde disseram que a funcionária do Texas Health Presbyterian Hospital estava usando equipamento de proteção ao tratar de Thomas Eric Duncan. Duncan era um liberiano que morreu na quarta-feira (8) depois de ter sido exposto ao Ebola em seu país natal e ter desenvolvido a doença enquanto visitava os EUA.

O surto na África Ocidental, o pior já registrado de ebola, matou mais de 4.000 pessoas, a maioria na Libéria, Serra Leoa e Guiné. O novo caso no Texas indicou um lapso profissional que pode ter causado a infecção de outros profissionais de saúde no hospital, disse o diretor dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças).

"Nós não sabemos o que ocorreu no cuidado do paciente original em Dallas, mas em algum momento houve uma quebra no protocolo, e essa violação de protocolo resultou nesta infecção", disse o diretor do CDC Dr. Thomas Frieden em entrevista coletiva. "Estamos avaliando outras exposições potenciais de trabalhadores de saúde, porque se essa pessoa foi exposta, é possível que outros indivíduos foram expostos", disse ele.

A funcionária estava em contato próximo com Duncan e testes realizados pelo CDC confirmaram que a paciente foi infectada pelo ebola. "Infelizmente, é possível que nos próximos dias venhamos a ver novos casos de Ebola", disse ele.

Frieden disse que uma pessoa pode ter tido contato com a profissional de saúde infectada quando podia ser possível transmitir a doença, e que a pessoa está sendo monitorada. Frieden disse que a intubação de Duncan e o uso de uma máquina de diálise - medidas tomadas ao tentar salvar sua vida - são procedimentos de alto risco para a transmissão do vírus.

Duncan morreu em uma ala de isolamento em 8 de outubro, 11 dias depois de ser admitido. Mais de 50 pessoas trataram do seu caso. O hospital disse que estava descontaminando a unidade de isolamento enquanto as autoridades de saúde disseram que o corpo de Duncan tinha sido cremado.

Medidas de prevenção

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama ordenou às autoridades federais que tomem medidas adicionais para garantir que o sistema médico do país está preparado para seguir protocolos corretos para lidar com o Ebola, disse a Casa Branca em uma declaração neste domingo.

O aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, no sábado, começou a triagem de viajantes provenientes dos três países do oeste africano mais atingidos. O aeroporto é o primeiro de cinco aeroportos dos Estados Unidos a começar a inspeção aprimorada de viajantes com destino aos EUA a partir de Guiné, Libéria e Serra Leoa.

A Libéria é o país mais afetado pelo vírus, com 2.316 vítimas, seguido de 930 em Serra Leoa, 778 na Guiné, oito na Nigéria e um nos Estados Unidos, informou a Organização Mundial de Saúde na sexta-feira. Cerca de 4.033 pessoas morreram em sete países do surto.

Em um sinal das preocupações crescentes de mais infecções fora da África, uma clínica médica perto de Boston foi evacuada e um paciente foi isolado por causa de sua recente viagem para a África ocidental e seus sintomas médicos, informou o Boston Globe informou no domingo.

O Ebola é transmitido por meio do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada ou pela contaminação de objetos como agulhas. As pessoas não são contagiosas antes que os sintomas como febre se desenvolvam.

O caso Texas não é o primeiro fora da África ocidental, em que um agente de saúde contraiu a doença após contato com o paciente. Na Espanha, uma enfermeira que contraiu Ebola depois de cuidar de dois padres infectados repatriados para a Espanha manteve-se gravemente doente, mas mostrou sinais de melhora.

Suspeita no Brasil

O exame para diagnóstico etiológico do paciente guineano Souleymane Bah, suspeito de infecção pelo vírus ebola, teve resultado negativo. A confirmação, contudo, só deve ocorrer após a realização de um segundo exame, informou o Ministério da Saúde no sábado (11).

Bah, de 47 anos, saiu de Guiné, na África Ocidental, no dia 18 de setembro, com conexão em Marrocos, e chegou ao Brasil em 19 de setembro. Por apresentar febre e ter vindo de um dos países com casos da doença, o caso foi classificado como suspeito na Unidade de Pronto Atendimento Brasília, em Cascavel (PR), onde ele procurou atendimento.

A segunda amostra de sangue será colhida hoje e também será enviada para análise laboratorial no Instituto Evandro Chagas, no Pará, que pertence à Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, e é um laboratório público de referência internacional para febres hemorrágicas. O resultado deve sair na segunda-feira (13). Até lá, Bah ficara isolado.

O estado de saúde do paciente é bom, ele não apresenta febre e está mantido em isolamento total no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio. Se o caso também for descartado como ebola no segundo exame, o paciente sairá do isolamento e o sistema de vigilância dos contactantes será desmontado.

Com o resultado negativo, as 64 pessoas que tiveram contato com o paciente e estavam sendo monitoradas deixarão de ser acompanhadas.