Temer é levado a hospital em dia de votação de denúncia, passa por procedimento e recebe alta
Por Lisandra Paraguassu e Mateus Maia
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer foi levado nesta quarta-feira ao Hospital do Exército em Brasília, depois de sofrer uma obstrução urológica, passou por um procedimento médico e foi liberado horas mais tarde, segundo informações da Presidência da República.
"Estou inteiro", afirmou Temer, ao ser perguntado por fotógrafos, e fez um sinal de positivo com as mãos ao deixar o hospital.
O presidente, que recebeu alta depois das 20h, passa bem e vai repousar em casa, seguindo orientação médica, segundo nota da Presidência. Temer chegou ao hospital por volta das 12h50.
"Na tarde de hoje, o presidente foi submetido a uma sondagem vesical de alívio por vídeo, no Hospital do Exército, após apresentar desconforto no fim da manhã", informou em nota o Palácio do Planalto.
Temer, de 77 anos, teve um desconforto no fim desta manhã e se consultou com o médico do Planalto. O médico recomendou que o presidente fosse avaliado no hospital, segundo nota divulgada mais cedo.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, Temer vinha sentindo um desconforto para urinar há alguns dias e nesta manhã essa dificuldade aumentou. Depois de receber alguns parlamentares, o próprio presidente decidiu procurar o serviço médico do Planalto.
"Ele estava bem, foi caminhando. O médico do Planalto decidiu encaminhá-lo para o hospital por não ter condições de fazer os exames apropriados aqui", disse uma das fontes.
Temer foi submetido a exames e a equipe médica do Hospital do Exército esteve em contato com Roberto Kalil Filho, médico do presidente, em São Paulo, segundo a fonte.
Uma outra fonte palaciana explicou que Temer teve uma obstrução na uretra, possivelmente causada por um inchaço da próstata -o mesmo que aconteceu com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que passou por cirurgia em fevereiro deste ano.
Temer chegou ao Palácio do Planalto antes das 9h e começou uma agenda extensa de contato com parlamentares e ministros. De acordo com a agenda oficial, o presidente estava com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, quando decidiu procurar o serviço médico.
Na noite anterior, depois de um dia em que recebeu quase duas dezenas de parlamentares, Temer foi a um jantar na casa do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB-MG), e cerca de uma centena de deputados, de onde saiu perto da meia-noite.
Apesar do problema médico do presidente, a ordem no Planalto foi de continuar a negociação para conseguir quórum e manter a votação da denúncia.
Por falta de quórum a sessão acabou sendo suspensa no início da tarde. Os governistas não conseguiram alcançar o registro mínimo de presença de 342 deputados para iniciar a fase de votação da denúncia. Outra sessão foi aberta à tarde, e o quórum para votação foi alcançado por volta das 17h. Duas horas depois, começou a votação.
A Câmara dos Deputados já chegou a 136 votos contrários à segunda denúncia contra Temer e, considerando o quórum de 477 deputados presentes na Casa, esse número já impede que os favoráveis à denúncia atinjam o patamar de 342 votos necessários para autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar a acusação.
Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República dos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
(Reportagem adicional de Ueslei Marcelino)
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