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EUA devem encerrar ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria após retirada

20/12/2018 17h58

Por Phil Stewart e Ellen Francis

WASHINGTON/BEIRUTE (Reuters) - Os Estados Unidos provavelmente encerrarão sua campanha aérea contra o Estado Islâmico na Síria quando retirarem suas tropas, disseram autoridades norte-americanas, consolidando uma reviravolta política abrupta que alarmou aliados ocidentais e os parceiros de batalha curdos.

França e Alemanha, aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), alertaram que a mudança de curso súbita dos EUA cria o risco de prejudicar a luta contra o Estado Islâmico, e alguns dos colegas republicanos do presidente Donald Trump disseram que a retirada das tropas fortalece a Rússia e o Irã, ambas apoiadoras do presidente sírio, Bashar al-Assad.    O anúncio feito por Trump na quarta-feira reverteu um pilar central da política dos EUA para o Oriente Médio e surpreendeu parlamentares e aliados.    A França, um importante membro da coalizão liderada pelos EUA, disse que manterá suas tropas no norte da Síria por ora porque os militantes do Estado Islâmico não foram eliminados.    "O Estado Islâmico não foi varrido do mapa, nem suas raízes. Os últimos bolsões desta organização terrorista precisam ser derrotados militarmente de uma vez por todas", disse a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, no Twitter.    A França tem cerca de 1.100 militares no Iraque e na Síria oferecendo logística, treinamento e apoio de artilharia pesada, além de caças. Na Síria, o país tem dezenas de forças especiais, conselheiros militares e pessoal do Ministério de Relações Exteriores.    Trump defendeu sua decisão nesta quinta-feira, tuitando que está cumprindo uma promessa de sua campanha presidencial de 2016 ao sair da Síria. Os EUA estão fazendo o trabalho de outros países, incluindo a Rússia e o Irã, e recebendo pouco em troca, e é "hora de outros finalmente lutarem", escreveu.    Autoridades dos EUA disseram que a ordem de retirada das tropas também deve significar o fim da campanha aérea contra o Estado Islâmico na Síria, que tem sido crucial para expulsar os militantes do país e do vizinho Iraque --mais de 100 mil bombas e mísseis foram disparados contra alvos nas duas nações desde 2015.    Mas um funcionário norte-americano alertou que ainda não se tomou uma decisão final sobre a ofensiva aérea, e não descartou algum tipo de apoio a parceiros e aliados.    Os EUA disse ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que está comprometido com a "destruição permanente" do Estado Islâmico na Síria e que continuará pressionando pela retirada de forças apoiadas por Teerã no país.    Os cerca de 2 mil militares dos EUA em solo sírio, muitos deles forças especiais, têm ajudado a combater o grupo extremista, mas também foram vistos como uma possível força contra Assad, que retomou a maior parte da Síria de seus inimigos na guerra civil com auxílio militar iraniano e russo.