Trump disse que nomeação de Mueller seria "o fim" de sua Presidência, segundo relatório
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acreditou que a nomeação de um procurador especial para assumir o inquérito federal sobre a interferência russa na eleição de 2016 seria o fim de sua Presidência, de acordo com o relatório do procurador especial Robert Mueller.
Quando o então secretário de Justiça, Jeff Sessions, informou Trump da nomeação de Mueller em maio de 2017, afirma o relatório, o presidente se recostou na cadeira e disse: "Ai, meu Deus. Isso é terrível. Isso é o fim da minha Presidência. Estou 'fodido'".
Em seguida Trump perguntou a Sessions, a quem vinha repreendendo há meses por se abster do inquérito russo: "Como você deixou isso acontecer, Jeff?"
Detalhes da investigação de Mueller foram divulgados hoje e mostraram que Trump tentou impedir o inquérito, levantando a questão se ele cometeu o crime de obstrução de Justiça.
Sessions, que renunciou em novembro, lembrou que Trump lhe disse "você deveria me proteger", ou palavras com este sentido, afirma o relatório.
O presidente republicano repudiou a investigação desde que tomou posse, em janeiro de 2017, menosprezando Sessions e qualificando o inquérito como uma caça às bruxas e uma farsa.
"Todos me dizem que, se você tiver um destes procuradores independentes, isso acaba com sua Presidência", disse Trump, segundo o relatório. "Isso leva anos e anos e eu não serei capaz de fazer tudo. Esta é a pior coisa que poderia ter acontecido comigo."
Um mês após a nomeação, em junho de 2017, Trump tentou se livrar de Mueller, de acordo com o relatório. Ele ligou duas vezes para Don McGahn, conselheiro da Casa Branca, em casa e lhe pediu para ligar para o secretário da Justiça interino Rod Rosenstein e dizer que Mueller deveria ser removido por causa de conflitos de interesse, segundo o relatório.
"Você precisa fazer isso. Você precisa ligar para Rod", McGahn se lembra de Trump dizendo.
"McGahn, entretanto, não cumpriu a instrução, decidindo que renunciaria ao invés de desencadear o que via como um potencial Massacre de Sábado à Noite em potencial", explicou o relatório Mueller, referindo-se à demissão de autoridades de alto escalão por parte do presidente Richard Nixon durante o escândalo Watergate.
Dois dias mais tarde, segundo o relatório, "o presidente fez outra tentativa de afetar o curso da investigação da Rússia". Ele pediu a seu ex-gerente de campanha Corey Lewandowski para entregar uma mensagem a Sessions na qual disse que este deveria anunciar publicamente que a investigação era "muito injusta" com Trump, que o presidente não havia feito nada errado e que Mueller podia "seguir adiante investigando a interferência eleitoral em eleições futuras".
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