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Aumento de mortes por coronavírus no México coloca regime de testes em xeque

"Como você pode encerrar um lockdown quando não se tem dados claros, e com o número de mortos continuando a subir?", questionou deputada - Pedro Pardo/AFP
"Como você pode encerrar um lockdown quando não se tem dados claros, e com o número de mortos continuando a subir?", questionou deputada Imagem: Pedro Pardo/AFP

Dave Graham e Diego Oré

Da Reuters, na Cidade do México

16/06/2020 20h09

O México entrou na pandemia de coronavírus insistindo que venceria a luta sem a adoção da testagem em massa, mas com o número de mortes em alta enquanto o país se prepara para sair do lockdown, a estratégia parece cada vez mais insustentável.

O vice-ministro Hugo López-Gatell, czar do coronavírus no México, persiste em evitar a testagem em larga escala para detectar novos casos, preferindo um modelo mas leve, elaborado há mais de uma década, argumentando que assim é possível fazer um uso mais eficiente dos recursos médicos disponíveis.

Ainda assim, com casos e mortes em alta, López-Gatell voltou atrás por várias vezes sobre quando a pandemia chegaria ao pico, levando Estados governados pela oposição a testarem mais para ver o quão amplamente o vírus se espalhou.

Aliados do governo também discordam da postura em público, e até o presidente Andrés Manuel López Obrador, que enfrentou críticas por minimizar a gravidade da pandemia, deu pistas de que pode apoiar uma abordagem mais ampla para os testes.

"Como você pode encerrar um lockdown quando não se tem dados claros, e com o número de mortos continuando a subir?", afirmou Lorena Villavicencio, uma deputada federal do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), à Reuters.

O líder do Morena no Senado, Ricardo Monreal, está entre os que estão pedindo mais testes.

Além de minimizar a necessidade por testes em massa, o governo foi devagar na descentralização dos diagnósticos, afirmam médicos. Agora que mais centros médicos privados realizam testes, milhares de novos casos estão aparecendo, e nem todos figuram nos números federais.

Com o número de mortos oficial de 17.500, o México tem a sétima maior marca de fatalidades no mundo. Mas o país tem também uma das menores taxas de testagem, de acordo com um grupo de pesquisas da Universidade de Oxford.

Dois dias depois após o início da primeira fase de reabertura começar no dia 1º de junho, o México registrou seu maior número de mortos em apenas um dia, mais do que dobrando o recorde anterior para quase 1.100.

Na manhã seguinte, López Obrador relembrou diretamente o povo que a estratégia do governo era o trabalho de López-Gatell e do Ministro da Saúde, Jorge Alcocer.

"Todo o gerenciamento do processo para combater a pandemia estava nas mãos deles", disse. "Eles são os que desenvolveram todos os passos. Agimos de acordo com as recomendações dele", afirmou López Obrador.

O presidente também disse estar aberto a mais testes, mas ainda defende a abordagem do governo, apontando que o México tem um número de mortes muito menor do que o dos Estados Unidos, onde mais de 116 mil pessoas já morreram.