Ministério Público pede ao TCU investigação sobre exoneração de Weintraub
O subprocurador-geral junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Furtado pediu à corte de contas que apure se houve irregularidade na viagem feita pelo ex-ministro da Educação Abraham Weintraub aos Estados Unidos no último sábado.
Em um primeiro momento, Weintraub viajou aos EUA na sexta quando ainda era ministro e teve sua exoneração publicada apenas no sábado.
Contudo, hoje, após o pedido de apuração feito pelo MP junto ao TCU na véspera, o governo retificou a exoneração de Weintraub, informando que ocorreu na sexta, dia da viagem.
No pedido ao TCU, Furtado pede que se apure "os custos eventualmente incorridos pelos cofres públicos na viagem realizada pelo ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para os Estados Unidos" no sábado "diante da possível ocorrência de desvio de finalidade na realização de viagem desvinculada do caráter de missão oficial".
O subprocurador pede ainda que se avalie a regularidade da gestão, por parte do Ministério das Relações Exteriores, quanto à suposta utilização do passaporte diplomático no episódio.
A Assessoria Especial da Comunicação Social da Secretaria-Geral da Presidência divulgou hoje uma nota a respeito da retificação da data de exoneração de Weintraub.
O órgão informou que a carta do então ministro da Educação em que solicita sua exoneração do cargo foi entregue ao secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, no sábado, que determinou a publicação em edição extra do Diário Oficial da União.
"A entrada oficial do documento na Secretaria-Geral da Presidência da República ocorreu no dia 22 de junho, segunda-feira", informou. "Entretanto, na carta, o então ministro da Educação solicitou exoneração do cargo a contar de 19 de junho de 2020, motivo pelo qual o ato foi retificado", completou.
Em postagem no Twitter na segunda-feira, Weintraub agradeceu a todos que o ajudaram a "chegar em segurança aos EUA, seja aos que agiram diretamente (foram dezenas de pessoas) ou aos que oram por mim". "Aproveito para dizer que estou bem", completou. A reportagem tenta contato com o ex-ministro por mensagem de texto sem obter resposta.
A Reuters também fez contato com a assessoria de imprensa do ministério, mas não obteve um retorno de imediato.
POLÊMICA
O ex-ministro foi indicado para ocupar um cargo de diretor do Banco Mundial.
A permanência de Weintraub no governo sempre foi alvo de controvérsia e se tornou foco de tensão ainda maior do Palácio do Planalto com os demais Poderes depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, em que ele defende que os ?vagabundos? sejam colocados na cadeia, ?a começar pelo STF?, em referência aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
A declaração rendeu a Weintraub uma investigação no âmbito do inquérito das fake news, que apura notícias falsas, ataques e ameaças contra ministros do Supremo.
Desafeto do ex-ministro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou a retificação feita da exoneração de Weintraub.
"Eu não entendi porque... ele estava fugindo de alguém? Estranho, né? Vai ser a primeira vez na história que alguém diz que está exilado e tem o apoio do governo. Geralmente é o contrário, as pessoas fogem porque estão sendo perseguidas por um governo", disse Maia em entrevista coletiva.
"Então eu acho que é uma coisa meio atabalhoada, não faz muito sentido. Ninguém está sentindo falta dele no Ministério da Educação", completou.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)
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