Juiz eleitoral do Peru deixa cargo e aumenta drama sobre resultado das eleições
Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O já tenso processo eleitoral peruano mergulhou em uma confusão ainda maior depois que um dos quatro magistrados na composição do tribunal que revisa cédulas contestadas na última eleição presidencial do país deixou o cargo após entrar em conflito com os outros membros por conta de pedidos para anular votos.
Luis Arce disse na noite de quarta-feira que deixaria a função após o tribunal rejeitar os primeiros 10 pedidos para anular votos apresentados pela candidata de direita Keiko Fujimori, que ficou atrás por uma estreita diferença em relação ao socialista Pedro Castillo na apuração da eleição realizada no dia 6 de junho.
Keiko Fujimori fez acusações de fraude com poucas evidências e tentou invalidar votos em favor de Castillo. Observadores eleitorais já disseram que a eleição foi conduzida de maneira limpa, enquanto o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que o processo era "um modelo de democracia".
A eleição acirrada dividiu expressivamente o país exportador de cobre, que tem manifestações e protestos quase diários na capital Lima.
Em sua carta de renúncia, Arce alega que o tribunal é enviesado e disse que "as decisões já foram tomadas". Sua saída pode atrasar ainda mais a confirmação do resultado enquanto o órgão processa as cédulas contestadas com apenas cerca de 44 mil votos de diferença entre os dois candidatos.
Em sua conta no Twitter, o Tribunal Nacional Eleitoral rejeitou a acusação de Arce e a classificou como "ofensiva", dizendo que não é permitida a renúncia de magistrados em meio a um processo de revisão, por isso ele seria suspenso, e um substituto provisório seria encontrado para "evitar que o trabalho atrase".
O Partido Peru Livre, de Castillo, disse na quinta-feira que a renúncia tinha o objetivo de "evitar a proclamação da vitória de Pedro Castillo, com isso ignorando o voto popular, quebrando a democracia e instalando um golpe de Estado com luvas de seda".
O partido conservador Força Popular, de Keiko Fujimori, abriu centenas de recursos, envolvendo ao menos 200 mil votos.
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