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Ministro britânico: Se a Al-Qaeda retornar, 'podemos voltar' ao Afeganistão

Reino Unido já planeja enviar cerca de 600 militares para o Afeganistão para retirar o pessoal diplomático do país - Haroon Sabawoon/Anadolu Agency via Getty Images
Reino Unido já planeja enviar cerca de 600 militares para o Afeganistão para retirar o pessoal diplomático do país Imagem: Haroon Sabawoon/Anadolu Agency via Getty Images

Sarah Young

Em Londres (Reino Unido) *

13/08/2021 11h08Atualizada em 13/08/2021 11h31

O Reino Unido pode retornar ao Afeganistão se o país começar a hospedar a Al-Qaeda de forma que ameace o Ocidente, disse o ministro da Defesa, Ben Wallace, hoje.

Questionado se o Reino Unido enviaria tropas de volta ao Afeganistão, Wallace disse à rádio LBC que deixaria "todas as opções em aberto".

"Se o Talibã tiver uma mensagem como da última vez, hospedando a Al-Qaeda, atacando o Ocidente, ou países deste tipo, nós podemos voltar", afirmou.

Hoje, insurgentes do Talibã aumentaram seu controle sobre o Afeganistão, dominando suas segunda e terceira maiores cidades, enquanto embaixadas ocidentais se preparavam para enviar tropas para ajudarem a retirar os funcionários da capital Cabul.

A captura de Kandahar, a segunda maior cidade do país, no sul, e de Herat, no oeste, depois de dias de confrontos, é um revés devastador para o governo, que vê a insurgência do Talibã sobrepujar suas forças de segurança.

"A cidade parece uma linha de frente, uma cidade-fantasma", disse Ghulam Habib Hashimi, membro do Conselho Provincial de Herat, localidade de cerca de 600 mil habitantes próxima da fronteira com o Irã.

"As famílias ou partiram, ou estão se escondendo em casa", afirmou.

Referindo-se ao polo econômico de Kandahar, no sul afegão, uma autoridade do governo disse à Reuters que "após combates intensos no final da noite passada, o Talibã assumiu o controle".

As derrotas atiçam o temor de que o governo apoiado pelos Estados Unidos caia nas mãos dos insurgentes no momento em que as forças internacionais finalizam sua retirada depois de 20 anos de guerra.

Uma autoridade de Defesa dos EUA citou informes da inteligência norte-americana desta semana segundo os quais o Talibã pode tomar Cabul dentro de 90 dias.

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas vê a escassez de alimentos no Afeganistão como "bastante grave" e piorando, disse um porta-voz, acrescentando que a situação tem todas as características de uma catástrofe humanitária.

Das maiores cidades do Afeganistão, o governo ainda comanda Mazar-i-Sharif, no norte, e Jalalabad, no leste e perto da fronteira com o Paquistão, além de Cabul.

Em reação aos avanços do Talibã, o Pentágono disse que enviaria cerca de 3 mil soldados adicionais dentro de 48 horas para ajudar a retirar o pessoal diplomático.

O Reino Unido disse que enviaria cerca de 600 tropas para ajudar os cidadãos a partirem, e outras embaixadas e grupos humanitários disseram que também estão retirando seus funcionários.

O Canadá também deve mobilizar forças especiais em Cabul para auxiliar a retirada do pessoal diplomático, relatou a agência de notícias Associated Press.

A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou que uma ofensiva do Talibã na capital teria um "impacto catastrófico nos civis", mas não há muita esperança de que as negociações encerrem os combates agora que o grupo parece rumar para uma vitória militar.

* Com colaboração das redações em Cabul (Afeganistão), Islamabad (Paquistão) e Washington (EUA)