EUA pedem a Bolsonaro para cancelar viagem à Rússia, diz fonte
Por Gabriel Stargardter
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo dos Estados Unidos apelou para que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, cancele uma visita ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, em função do aumento de tensões por conta de tropas russas próximas à Ucrânia, afirmou uma pessoa familiarizada com o assunto à Reuters.
A pressão diplomática, reportada primeiramente pelo jornal Folha de S.Paulo, parece ser parte de uma iniciativa global dos Estados Unidos para isolar a Rússia em meio a preocupações com um possível conflito na Ucrânia.
Para Bolsonaro, que perdeu seu aliado mais importante após a derrota eleitoral do ex-presidente norte-americano Donald Trump, a viagem, planejada para este mês, representa uma chance de estabelecer uma presença global em sua batalha desfavorável pela reeleição neste ano.
Autoridades norte-americanas temem que a viagem a Moscou possa encorajar Putin enquanto ele participa de negociações para evitar uma invasão, disse a fonte, que não está autorizada a falar publicamente.
"Não é uma boa hora para ir", disse a fonte, acrescentando que as autoridades norte-americanas haviam "tentado dissuadir Bolsonaro de fazer a viagem", ressaltando que ela pode se mostrar um erro de cálculo.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos e a Casa Branca não responderam de imediato a um pedido por comentários.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também se negou a comentar a questão.
Um diplomata brasileiro, que pediu para não ser identificado, disse que a viagem de Bolsonaro ainda estava confirmada, e que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, não pressionou o Brasil a cancelar a viagem ao conversar com o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, no domingo.
"Não houve qualquer conversa sobre cancelamento", afirmou, acrescentando que os Estados Unidos sabem que a visita de Bolsonaro a Moscou só irá tratar de questões comerciais.
A Folha, citando diplomatas brasileiros, disse que Bolsonaro não tem planos de oferecer apoio a Putin ou de assumir lados. E disse que Bolsonaro irá tratar de áreas de interesse bilateral, como o comércio, acrescentando que não há planos para cancelar a viagem.
Na segunda-feira, Bolsonaro disse que espera que a crise na Ucrânia seja resolvida "em harmonia". Falando em uma entrevista à TV Record transmitida em suas redes sociais, o presidente disse que não espera trazer o assunto à tona durante seu encontro com Putin, e que o foco deverá ser assuntos econômicos, como o agronegócio.
"Se esse assunto vier à pauta será por vontade do presidente Putin", disse Bolsonaro.
O Brasil votou na segunda-feira a favor de uma moção dos EUA para discutir a situação ucraniana no Conselho de Segurança da ONU. Os Estados Unidos precisavam de pelo menos nove votos para seguir com a reunião do conselho após a Rússia pedir uma votação procedimental. Dez membros votaram a favor, a Rússia e a China votaram contra, enquanto Índia, Gabão e Quênia se abstiveram.
A fonte disse que o voto do Brasil havia ajudado a atenuar os temores de que Bolsonaro pode assumir lados em relação à situação ucraniana, mas acrescentou que a viagem ainda é uma preocupação.
(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle em Brasília)
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