Topo

Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Esse conteúdo é antigo

China rejeita chamar ataque da Rússia contra a Ucrânia de 'invasão'

"Não vamos nos precipitar em tirar conclusões", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
'Não vamos nos precipitar em tirar conclusões', disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Martin Quin Pollard e Ryan Woo

Em Pequim (China)

24/02/2022 09h00Atualizada em 24/02/2022 14h29

A China rejeitou chamar os movimentos da Rússia sobre a Ucrânia de "invasão" e fez um apelo para que todos os lados exerçam contenção, ao mesmo tempo que aconselhou os cidadãos chineses na Ucrânia a permanecerem em casa ou ao menos tomarem a precaução de exibir uma bandeira chinesa se precisassem dirigir para qualquer lugar.

Na madrugada de hoje, as forças russas dispararam mísseis em várias cidades da Ucrânia e desembarcaram soldados na costa ucraniana, disseram autoridades e mídias locais, depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou o que ele chamou de uma "operação militar especial" no leste do país.

"A China está monitorando de perto a situação mais recente. Pedimos todos os lados a exercer contenção para evitar que a situação fique fora de controle", disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

Em uma reunião de imprensa diária lotada em Pequim, Hua repreendeu os jornalistas pela caracterização que fizeram das ações da Rússia.

"Esta talvez seja uma diferença entre a China e vocês, ocidentais. Não vamos nos precipitar em tirar conclusões", disse ela.

"Com relação à definição de uma invasão, acho que devemos voltar à forma de ver a situação atual na Ucrânia. A questão ucraniana tem outros antecedentes históricos muito complicados que continuam até hoje. Pode não ser o que todos querem ver", afirmou.

O ataque da Rússia à Ucrânia vem semanas depois que o presidente russo Vladimir Putin se reuniu com o homólogo chinês, Xi Jinping, pouco antes dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim.

Os dois lados anunciaram uma parceria estratégica destinada a combater a influência dos Estados Unidos e disseram que não teriam "áreas 'proibidas' de cooperação".

Os Jogos terminaram no domingo.

Xi e Putin desenvolveram uma estreita parceria ao longo dos anos, mas as ações da Rússia na Ucrânia colocaram a China, que tem um princípio de política externa de não-interferência, em uma posição incômoda, dizem os especialistas.

Perguntado se Putin tinha dito à China que estava planejando invadir a Ucrânia, Hua disse que a Rússia, como potência independente, não precisava buscar o consentimento da China.

"Ela decide e implementa independentemente sua própria diplomacia e estratégia de acordo com seu próprio julgamento estratégico e interesses", disse a porta-voz.

"E também gostaria de acrescentar que toda vez que os chefes de Estado se reúnem, é claro que eles trocam opiniões sobre questões de interesse comum."

Espera-se que a China apoie a Rússia diplomática e talvez economicamente, mas não militarmente. Hua, em resposta a uma pergunta feita hoje, disse que a China não havia fornecido nenhum apoio militar à Rússia.

Mediação

O Presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu "sanções severas" em resposta ao ataque da Rússia, e disse que se reuniria com outros líderes do G7 para discutir o assunto

"Alguns países têm seguido os Estados Unidos em atiçar o fogo", disse Hua. "Nós nos opomos a qualquer ação que fomente a guerra", afirmou.

Ela também convidou a Europa a refletir sobre como ela pode proteger melhor a própria paz.

"No estágio atual, deveríamos considerar se fizemos o suficiente na mediação", disse Hua, referindo-se à Europa.

A embaixada da China em Kiev advertiu que a situação na Ucrânia se deteriorou bruscamente e que os riscos de segurança aumentaram, com a ordem social potencialmente descendo ao caos.

"A bandeira chinesa pode ser afixada num lugar óbvio na carroceria do veículo", disse a embaixada em conselho a qualquer cidadão que decida sair de casa.