Fuga na Ucrânia tem trânsito, filas no mercado e em caixas eletrônicos
Horas após o presidente russo Vladimir Putin autorizar uma invasão na Ucrânia, milhares de moradores começaram a deixar a capital Kiev. Longas filas de carros foram registradas nesta manhã em estradas, supermercados, postos de gasolina e também em caixas eletrônicos.
Segundo a CNN Internacional, a ACNUR (agência de refugiados da ONU - Organizações Nações Unidas) afirmou que mais de 100 mil pessoas se deslocaram dentro da Ucrânia, "fugindo da violência por segurança", nesta quinta-feira (24).
"Houve um deslocamento significativo dentro do país — parece que mais de 100 mil pessoas se mudaram dentro das fronteiras fugindo da violência por segurança. E tem havido movimentos em direção e através das fronteiras internacionais. Mas a situação ainda é caótica e está evoluindo rapidamente", disse Matthew Saltmarsh, porta-voz da ACNUR.
Durante a manhã, as primeiras sirenes de alerta tocaram por vários minutos nos alto-falantes da capital. Naquela madrugada, por volta das 4h30, explosões rasgaram o céu de Kiev pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
Segundo cálculos da União Europeia, mais de um milhão de pessoas podem chegar a essas nações nos próximos dias. Polônia, Romênia e Hungria já anunciaram planos para receber os ucranianos de maneira emergencial.
"Deve-se notar que atualmente não há restrições à saída de cidadãos ucranianos para o exterior", afirmou o Serviço de Guarda de Fronteiras em nota, sugerindo que o governo da Ucrânia pode impedir a saída de cidadãos da cidade.
Nesta manhã, também foram registradas longas filas para saque de dinheiro em caixas eletrônicos —o Banco Central da Ucrânia limitou hoje o saque diário em dinheiro a 100 mil hryvnias (cerca de R$ 17,1 mil). O saque em moeda estrangeira está suspenso.
Uma parte da população busca refúgio em estações do metrô. Segundo informações da CNN Internacional, famílias, incluindo crianças pequenas e animais de estimação, lotaram uma estação de metrô que está servindo como abrigo em Kharkiv, na Ucrânia.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou hoje que quatro estações de metrô seriam desativadas para serem usadas como abrigos de ataque aéreo.
Em entrevista à GloboNews, Oleg Kukhtinov, um morador de Kiev, contou que acordou cedo para ir ao mercado, abastecer o carro e sacar dinheiro. "Por enquanto, vamos ficar aqui. A gente não quer nem comer, só pensa nisso [invasão russa] e em proteger a família, amigos".
Sobre o clima em Kiev, ele afirmou: "Não posso dizer que as pessoas ficam em total pânico porque já somos acostumados a esse tipo de situação".
Moradores de Kiev acordam com barulho de bombas
Uma hora depois do despertar em pânico, ninguém tinha informações sobre a origem ou os alvos das explosões na capital e em arredores. Sem esperar, os moradores de Kiev iniciaram a fuga.
"Acordei com o barulho das bombas, fiz as malas e saí correndo", disse Maria Kashkoska, de 29 anos, abaixada em uma estação do metrô, onde encontrou refúgio, à AFP.
Abalada, a empresária afirmou que está "preparada para qualquer eventualidade".
Do lado de fora da estação de metrô da Praça Maidan, no centro de Kiev, uma mulher tentava silenciar os gritos do próprio gato, que ela acabou colocando em uma mochila.
"Temos que salvar nossas vidas, e esperamos que o metrô seja suficientemente seguro, pois é subterrâneo", disse Ksenia Mitchenka, antes de entrar correndo no metrô, à AFP.
Muitas famílias chegaram à entrada da estação com malas e sacolas, com os olhos grudados nos telefones celulares. Os agentes abriram as catracas e indicavam o caminho. No final das intermináveis escadas rolantes, vários grupos de pessoas estavam sentados no chão.
"Vamos ficar aqui, é mais seguro", explicou uma jovem, que não quis revelar o nome e que levava na mala os documentos, carregadores e muito dinheiro. "O essencial", segundo ela, para fugir em tempos de guerra.
Putin decide invadir Ucrânia de madrugada
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta madrugada um ataque contra a Ucrânia. Explosões foram registradas em diversas cidades fora das áreas separatistas do Donbass.
O momento é o mais grave da intensa crise que atinge as duas nações desde 2014, quando os russos anexaram a Crimeia e o conflito separatista se instaurou em áreas de Donetsk e Lugansk.
Em um pronunciamento televisivo, o mandatário afirmou que estava "protegendo" os separatistas, mas o próprio Exército confirmou que os ataques estavam sendo feitos contra bases e locais administrados por Kiev.
*Com informações de AFP e ANSA
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