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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Em Kiev, ucranianos acordam com barulho de bombardeios: 'Saí correndo'

Na imagem: pessoas observam área isolada após bombardeio, em Kiev, na Ucrânia - Sergei Supinsky/AFP
Na imagem: pessoas observam área isolada após bombardeio, em Kiev, na Ucrânia Imagem: Sergei Supinsky/AFP

Em Kiev (Ucrânia)

24/02/2022 08h25Atualizada em 24/02/2022 14h27

Durante a madrugada, o barulho temido há vários dias acordou a capital ucraniana em pânico. Às 4h30, explosões rasgaram o céu de Kiev pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Ao amanhecer, as primeiras sirenes de alerta tocaram por vários minutos nos alto-falantes da capital.

"Acordei com o barulho das bombas, fiz as malas e saí correndo", disse Maria Kashkoska, de 29 anos, abaixada em uma estação do metrô, onde encontrou refúgio, à AFP.

Abalada, a empresária afirmou que está "preparada para qualquer eventualidade".

Nas varandas, olhares preocupados e de dúvida: foi um ataque aéreo? Explosões? Que alvos foram atingidos?

Uma hora depois do despertar em pânico, ninguém tinha informações sobre a origem ou os alvos das explosões na capital e em arredores.

Sem esperar, os moradores de Kiev iniciaram a fuga.

As avenidas começaram a registrar trânsito intenso ainda de madrugada. Carros com famílias inteiras tentavam deixar a cidade e seguir para a região oeste, ou para áreas rurais, longe da fronteira com a Rússia.

A frente leste é a região com bombardeios mais intensos, mas nenhuma região da Ucrânia parece estar a salvo.

No outro extremo do país, na cidade costeira de Odessa e inclusive em Lviv, a cidade do oeste para onde Estados Unidos e outros países transferiram embaixadas, as sirenes, que anunciam a necessidade procurar abrigo de maneira urgente, também tocaram a cada 15 minutos.

"Mantenham a calma!", escreveu no Twitter o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov.

"Se possível, fiquem em casa. A situação está sob controle. Sua tranquilidade e sua confiança nas Forças Armadas ucranianas é a melhor ajuda neste momento", completou em uma mensagem à população.

'Salvar nossas vidas'

Muitos ucranianos não acreditaram até o último momento na guerra, que tomou a forma de ataques coordenados executados ontem à noite pelo presidente russo, Vladimir Putin, contra o país vizinho.

Em Kiev, os preparativos haviam sido discretos até então.

Mas na noite de ontem, após a proclamação do estado de exceção, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou a instalação de postos de controle nas principais entradas da capital e o reforço dos controles de passageiros nas estações de trem e no aeroporto.

Do lado de fora da estação de metrô da Praça Maidan, no centro de Kiev, uma mulher tentava silenciar os gritos do próprio gato, que ela acabou colocando em uma mochila.

"Temos que salvar nossas vidas, e esperamos que o metrô seja suficientemente seguro, pois é subterrâneo", disse Ksenia Mitchenka, antes de entrar correndo no metrô, à AFP.

Muitas famílias chegaram à entrada da estação com malas e sacolas, com os olhos grudados nos telefones celulares. Os agentes abriram as catracas e indicavam o caminho. No final das intermináveis escadas rolantes, vários grupos de pessoas estavam sentados no chão.

"Vamos ficar aqui, é mais seguro", explicou uma jovem, que não quis revelar o nome e que levava na mala os documentos, carregadores e muito dinheiro. "O essencial", segundo ela, para fugir em tempos de guerra.