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Noruega está pronta para retomar pagamentos ao Fundo Amazônia se eleição mudar governo, diz ministro

Fundo bilionário foi congelado após taxas de destruição da maior floresta tropical do planeta dispararem no governo Bolsonaro - iStock
Fundo bilionário foi congelado após taxas de destruição da maior floresta tropical do planeta dispararem no governo Bolsonaro Imagem: iStock

Oslo

22/06/2022 15h26

A Noruega está pronta para retomar os repasses ao Brasil para a prevenção do desmatamento na Amazônia, se houver uma mudança de governo nas eleições de outubro, como sugerem as pesquisas de intenção de voto, afirmou o ministro do Meio Ambiente e do Clima do país escandinavo.

Os brasileiros vão votar para escolher um novo presidente neste ano, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou vantagem de 16 pontos percentuais em relação ao atual mandatário, Jair Bolsonaro, em pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 8 de junho e que apontou possível vitória do petista em primeiro turno.

Entre 2008 e 2018, a Noruega repassou 1,2 bilhão de dólares para o Fundo Amazônia, que paga o Brasil para prevenir, monitorar e combater o desmatamento, e tem no governo de Oslo o maior doador. As taxas de desmatamento desaceleraram no período em questão.

O fundo, no entanto, foi congelado após as taxas de destruição da maior floresta tropical do planeta dispararem no governo Bolsonaro, que assumiu o poder em 2019 e enfraqueceu a proteção ambiental, justificando que as atividades rurais e o garimpo na região amazônica reduzem a pobreza.

"Se acontecer como as pesquisas mostram, e houver mudança (no governo) no Brasil, nós temos grandes esperanças em retomar bem rapidamente uma boa e ativa parceria", afirmou Espen Barth Eide, ministro norueguês do Clima e do Meio Ambiente, em entrevista à Reuters.

"O que eles têm dito na oposição tem sido muito positivo", disse, acrescentando que o trabalho no fundo pode ser retomado "muito rapidamente", em questão de "semanas ou meses", "contanto que a oposição faça o que diz que irá fazer".

O Ministério do Meio Ambiente brasileiro não respondeu imediatamente a um pedido por comentários nesta quarta-feira.

O ex-ministro da pasta Ricardo Salles, cético sobre as mudanças climáticas, havia criticado a administração do Fundo Amazônia em 2019, fazendo alegações genéricas sobre irregularidades em premiações concedidas a organizações não-governamentais.

A Noruega disse na época que estava satisfeita com a administração dos fundos, rejeitando as críticas.

O Fundo Amazônia possui atualmente 3 bilhões de reais, segundo as ONGs.

Uma vez reiniciado, o fundo deve ser utilizado para restaurar a governança ambiental desmantelada por Bolsonaro, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, um grupo que representa 65 organizações não-governamentais brasileiras da área ambiental.

O dinheiro, por exemplo, "deveria ser utilizado para financiar operações de campo das polícias locais e federal para combater crimes ambientais" como o garimpo e a extração ilegal de madeira.

Posteriormente, os pagamentos ao fundo deveriam acontecer de acordo com o desempenho brasileiro para impedir o desacelerar o desmatamento, para estabelecer incentivos para proteger a Amazônia, afirmou Anders Haug Larsen, diretor de políticas da Rainforest Foundation da Noruega.