Topo

Rússia ensaia resposta a ataque nuclear em meio a tensões por alegação de "bomba suja"

Nesta foto de arquivo tirada em 20 de maio de 2022, militares russos patrulham a Usina Hidrelétrica de Kakhovka, Kherson Oblast, em meio à ação militar russa em andamento na Ucrânia - OLGA MALTSEVA/AFP
Nesta foto de arquivo tirada em 20 de maio de 2022, militares russos patrulham a Usina Hidrelétrica de Kakhovka, Kherson Oblast, em meio à ação militar russa em andamento na Ucrânia Imagem: OLGA MALTSEVA/AFP

Jonathan Landay

Reuters

26/10/2022 10h04

A Rússia ensaiou sua resposta a um ataque nuclear nesta quarta-feira em exercício que envolveu submarinos nucleares, bombardeiros estratégicos e mísseis balísticos em um momento em que as tensões estão altas por causa de uma alegação sobre "bomba suja" que Moscou tem feito contra a Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, observou remotamente o exercício anual, chamado "Grom" ou "Thunder", que usa lançamentos de teste para colocar as forças nucleares de Moscou à prova em uma demonstração de força projetada para deter e intimidar inimigos.

Autoridades russas disseram que testes de lançamentos de mísseis balísticos e de cruzeiro com capacidade nuclear foram bem-sucedidos.

Putin afirmou, segundo a agência de notícias RIA, que o potencial de conflito no mundo e na região permanece alto.

O Pentágono disse um dia antes que a Rússia havia notificado sua intenção de realizar os exercícios no momento em que a Otan está ensaiando seu próprio uso de bombas nucleares dos Estados Unidos com base na Europa em seus jogos de guerra anuais "Steadfast Noon".

A demonstração nuclear é sensível porque a Rússia está sob recuo na Ucrânia e tem acusado a Ucrânia de planejar detonar uma "bomba suja" com material radioativo.

Kiev e o Ocidente dizem que não há evidências para a alegação e que o alerta parece destinado a aumentar a tensão em torno da guerra na Ucrânia ou servir como justificativa para algum tipo de escalada no campo de batalha russo.

Autoridades ocidentais expressaram medo de que Moscou possa ser tentada a usar uma arma nuclear "tática" de baixo rendimento na Ucrânia para tentar forçar Kiev a render-se em um momento em que as forças ucranianas estão avançando dentro da província de Kherson ocupada pela Rússia, ameaçando uma grande derrota para Moscou.

O presidente dos EUA, Joe Biden, alertou Moscou na terça-feira que tal medida seria um "erro incrivelmente grave".

Putin, que vai presidir uma reunião do Conselho de Segurança ainda nesta quarta-feira, avisou que a Rússia tem o direito de defender seu próprio território usando qualquer arma em seu arsenal, que inclui o maior estoque nuclear do mundo, mas não falou especificamente de armas nucleares táticas.

Autoridades russas disseram que o guarda-chuva nuclear de proteção de Moscou foi estendido para quatro regiões ucranianas que Putin diz ter anexado, uma medida não reconhecida por Kiev ou pelo Ocidente, enquanto enfatizam o desejo de evitar um conflito nuclear.

Um dia depois que a Rússia divulgou suas alegações de "bomba suja" no Conselho de Segurança da ONU, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou seu colega chinês Wei Fenghe por vídeo, transmitindo a preocupação de Moscou com o que chamou de "potenciais provocações" de Kiev envolvendo uma "bomba suja", disse o ministério de Shoigu.

Aliado próximo de Putin, Shoigu realizou uma videoconferência semelhante com seu colega indiano.

Rajnath Singh, ministro da Defesa da Índia, disse a Shoigu que as armas nucleares não devem ser usadas por nenhum lado na guerra da Ucrânia, de acordo com um comunicado do governo indiano.