Cerca de metade dos republicanos quer presidente dos EUA que atue sem restrições, diz Reuters/Ipsos
Por Jason Lange
WASHINGTON (Reuters) - Cerca de metade dos republicanos diz que os Estados Unidos precisam de um presidente forte que não seja indevidamente restringido pelos tribunais ou pelo Congresso, apontou nova pesquisa Reuters/Ipsos, em um possível sinal de apoio ao discurso do ex-presidente norte-americano Donald Trump de que, se eleito novamente, deverá ser capaz de operar com restrições legais mínimas.
A pesquisa de uma semana, que foi encerrada na terça-feira, revelou que o Partido Republicano de Trump parece dividido sobre onde estabelecer os limites do poder presidencial que ajudam a definir a democracia norte-americana.
Quarenta e seis por cento dos republicanos entrevistados concordaram com a afirmação de que "o país está em uma crise e precisa de um presidente forte que possa governar sem muita interferência dos tribunais e do Congresso", enquanto a mesma parcela discordou. O restante não tinha certeza.
Entre os democratas, 25% concordaram com a declaração, enquanto 64% discordaram e o restante não tinha certeza.
Trump, que está enfrentando dezenas de acusações por supostos crimes cometidos durante e após seu mandato na Casa Branca de 2017 a 2021, está atualmente argumentando em um tribunal federal que ele deveria ser amplamente imune a processos por ações tomadas durante seu mandato.
Seu advogado disse a um painel de juízes nesta semana que um presidente que deu ordens para assassinar um rival político só poderia ser processado se tivesse sofrido um impeachment pela Câmara dos Deputados e fosse condenado pelo Senado.
Embora a pergunta da pesquisa não tenha mencionado Trump, cerca de 47% dos entrevistados que disseram que votariam nele se a eleição presidencial fosse realizada agora concordaram com a declaração de que o presidente não deve sofrer restrições. Cerca de 23% das pessoas que disseram que votariam no atual presidente democrata Joe Biden disseram que concordavam.
Entre outros crimes, os promotores acusam Trump de recorrer à fraude para tentar reverter sua derrota para Biden na eleição presidencial de 2020.
Trump alega inocência em todas as acusações e diz que os processos criminais contra ele são "caças às bruxas" engendradas por inimigos políticos, incluindo Biden.
A pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que Biden e Trump, o favorito para ser o indicado republicano como candidato à Casa Branca, estavam empatados, cada um recebendo 35% de apoio e o restante dizendo que estava indeciso ou que votaria em outra pessoa ou em ninguém.
Os muitos desafios legais de Trump são um risco importante para sua chance de reconquistar a Presidência, com 49% dos independentes dizendo que não votarão nele se for condenado por um júri, em comparação com 12% que disseram que ainda o apoiarão. Outros 35% disseram que não sabiam e 3% não responderam à pergunta.
A condenação poderia até mesmo custar votos republicanos a Trump. Vinte e oito por cento dos republicanos entrevistados disseram que não apoiarão Trump se ele for condenado, em comparação com 43% que disseram que ainda o apoiarão e 28% que disseram não ter certeza.
"DIFÍCIL TER UMA DEMOCRACIA"
Há muito tempo Trump cultiva uma imagem de homem forte e, no mês passado, disse a seus apoiadores que não será um ditador se for novamente eleito, exceto "no primeiro dia".
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Quero receberA fatia significativa de republicanos que buscam um presidente sem restrições sinaliza um possível enfraquecimento das instituições democráticas dos EUA, disse Matthew MacWilliams, cientista político da Comms Hub, uma consultoria pró-democracia.
"É difícil ter uma democracia quando essa atitude está em andamento", disse MacWilliams, que faz pesquisas sobre opinião pública e autoritarismo.
A pesquisa Reuters/Ipsos também mostrou que os republicanos adotam fortemente uma proposta de linha dura para a política de imigração que tem sido vinculada à campanha de Trump. Sessenta e nove por cento dos republicanos disseram concordar com a afirmação de que "os imigrantes ilegais devem ser presos e colocados em campos de detenção enquanto aguardam as audiências de deportação", em comparação com 21% dos democratas.
Trump prometeu realizar a maior operação de deportação da história dos EUA se for eleito novamente e um ex-assessor de política de imigração, Stephen Miller, defendeu recentemente os campos de detenção de imigrantes em uma entrevista ao New York Times.
O assessor da campanha de Trump, Jason Miller, não quis comentar os resultados da pesquisa Reuters/Ipsos sobre o poder presidencial e a imigração, mas repetiu as posições da campanha de que os Estados Unidos estão em declínio sob o comando de Biden, em parte por causa das "fronteiras abertas e da instrumentalização do nosso sistema judiciário".
A pesquisa Reuters/Ipsos, realizada online de 3 a 9 de janeiro, entrevistou 4.677 adultos norte-americanos selecionados aleatoriamente e teve uma margem de erro de cerca de 2 pontos percentuais.
(Reportagem adicional de Tim Reid)
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