Confiança da Ucrânia na Otan foi abalada por falhas em entrega de armas, diz Stoltenberg

Por Andrew Gray

RZESZOW, Polônia (Reuters) - A confiança da Ucrânia em seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) "sofreu um abalo" devido a atrasos e falhas na entrega de armas para sua guerra contra a Rússia, disse o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg.

Em entrevista à Reuters na segunda-feira, quando saía da Ucrânia de trem após uma visita de um dia, Stoltenberg disse que tais falhas mostravam que é hora de reformular a coordenação da ajuda militar internacional a Kiev.

"Precisamos de uma estrutura mais robusta e institucionalizada para o nosso apoio, a fim de garantir a previsibilidade, assegurar mais responsabilidade e garantir o compartilhamento de encargos", disse Stoltenberg.

Como exemplos de aliados da Otan que ficaram aquém do esperado, ele citou o Congresso dos Estados Unidos, que levou seis meses para aprovar um pacote de ajuda de 60 bilhões de dólares para a Ucrânia, e os países europeus que entregaram muito menos munição de artilharia do que o prometido.

Essas deficiências tiveram um grande impacto no campo de batalha, pois a Rússia tomou a iniciativa, enquanto as forças ucranianas, carentes de munição, foram forçadas a ficar na defensiva.

"É claro que o fato de não termos cumprido o que prometemos afetou a confiança", afirmou Stoltenberg.

Mas, após um dia de conversas com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e outras autoridades, ele disse que Kiev ainda acredita em seus aliados e que agora cabe a eles cumprirem sua promessa.

Stoltenberg, ex-primeiro-ministro da Noruega, afirmou que uma maneira de evitar futuros déficits na ajuda militar à Ucrânia é dar à Otan um papel de coordenação maior e elaborar um plano plurianual que deixe claras as contribuições esperadas de cada aliado.

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Ele apresentou essa proposta aos 32 membros da Otan e disse que ela deve ser apoiada por um grande compromisso financeiro. Diplomatas afirmam que 100 bilhões de euros ao longo de cinco anos têm sido cogitados.

"Isso facilitará o planejamento. Isso deixará claro o que se espera de cada aliado", disse Stoltenberg, sentado a uma pequena mesa em seu vagão de trem, batendo de vez em quando com uma caneta em um bloco de notas da Otan para enfatizar seus argumentos.

"E a Otan pode então desempenhar um papel mais importante para garantir que os aliados realmente cumpram o que anunciaram."

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