Advogada de Trump questiona relato de Stormy Daniels sobre sexo com Trump

Por Luc Cohen e Jody Godoy

NOVA YORK (Reuters) - A advogada de Donald Trump pressionou a estrela pornô Stormy Daniels nesta quinta-feira sobre aparentes inconsistências nas várias versões que conta sobre ter realizado sexo com Trump em 2006, parte de uma tentativa de tentar minar sua credibilidade como testemunha no primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos. 

O relato pouco lisonjeiro de Daniels sobre um encontro sexual com Trump em uma suíte de hotel em Lake Tahoe em 2006, quando já estava casado com a esposa Melania, capturou a atenção dos jurados na última terça-feira, lembrando os eleitores norte-americanos de alguns dos aspectos mais chocantes da sua Presidência, entre 2017 e 2021, enquanto ele faz campanha para voltar à Casa Branca no fim deste ano. 

Trump, de 77 anos, enfrenta 34 acusações de falsificar registros comerciais para acobertar o pagamento de 130.000 dólares que seu ex-advogado Michael Cohen fez a Daniels, de 45 anos, pelo seu silêncio antes da eleição de 2016 sobre o suposto encontro. Trump se declarou inocente e nega ter feito sexo com Daniels. 

Em quase quatro horas de interrogatório na terça-feira e nesta quinta, a advogada de defesa Susan Necheles questionou Daniels sobre seu depoimento anterior sobre o suposto encontro em comparação com versões em um livro que ela escreveu e entrevistas que deu ao longo dos anos. 

Ela perguntou por que Daniels não mencionou em uma entrevista à revista Vogue em 2018 que um guarda-costas de Trump estava no lado de fora do quarto de hotel quando o encontro aconteceu. Daniels disse na terça-feira que o fato de que estava ciente da presença do guarda-costas contribuiu para um desequilíbrio de poder que a deixou desconfortável. 

“Você inventou tudo isso, certo?”, perguntou Necheles a Daniels, em certo momento.

“Não”, disse Daniels, de maneira enfática, sentada com as mãos juntas e as pernas cruzadas. Ela afirmou que não deu todos os detalhes em cada entrevista e não controlou quais partes dos seus relatos foram publicados pelos veículos. 

Daniels negou que tenha mudado sua história. 

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“Você está tentando me fazer dizer que mudou, mas não mudou”, disse Daniels. 

Trump, usando um terno e uma gravata azul clara, alternou entre se inclinar à frente para ver um pequeno monitor de computador na mesa da defesa que exibia evidências e olhar diretamente para Daniels, enquanto sua advogada questionava a história de Daniels. 

Candidato republicano que tentará recuperar a Casa Branca do presidente democrata Joe Biden na eleição de 5 de novembro, Trump diz que o julgamento é uma tentativa politicamente motivada de interferir com sua campanha. 

Os promotores afirmam que as tentativas de Trump de encobrir o rastro de documentos corrompeu a eleição de 2016 ao impedir que os eleitores soubessem de uma história que poderia ter influenciado o seu voto. 

A história de Daniels sobre o suposto encontro é de conhecimento público desde 2018 e pode não importar muito a eleitores que já ouviram outras histórias sobre a suposta má conduta sexual de Trump.

Pouco antes de encerrar seu interrogatório, Necheles perguntou a Daniels se ela tinha conhecimento dos registros comerciais de Trump - parte de uma tentativa de pintar seu depoimento como irrelevante para as acusações em questão. 

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“Eu não sei nada sobre os registros comerciais dele, não, por que eu saberia?”, disse Daniels. 

(Reportagem de Luc Cohen e Jody Godoy em Nova York)

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