Trump consolidará candidatura em convenção após tentativa de assassinato

Por Gram Slattery e Tim Reid

MILWAUKEE (Reuters) - Donald Trump consolidará seu domínio sobre o Partido Republicano na convenção de 2024 nesta semana, depois de ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato e enfrentado vários problemas legais no caminho para a indicação presidencial do partido.

Durante o evento de quatro dias que começa na segunda-feira, o ex-presidente dos Estados Unidos anunciará sua escolha de companheiro de chapa, tendo citado como favoritos o senador por Ohio J.D. Vance, o senador da Flórida Marco Rubio, e o governador de Dakota do Norte Doug Burgum, todos os quais discursarão no encontro.

Embora o evento em Milwaukee, Wisconsin, seja festivo para nomear formalmente Trump, ele ocorre em um momento tenso na história dos EUA a caminho da revanche eleitoral de 5 de novembro entre o presidente norte-americano, Joe Biden, de 81 anos, e Trump, de 78.

Os líderes do partido tentarão acalmar os ânimos entre os republicanos? Ou usarão a ocasião para acusar os democratas de demonizar Trump como uma ameaça à democracia e torná-lo um alvo de violência política?

"Esta é uma chance de reunir o país inteiro, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente, muito diferente do que teria sido há dois dias", disse Trump ao Washington Examiner.

Biden, também, em um discurso televisionado da Casa Branca no domingo, afirmou: "Não há lugar nos Estados Unidos para esse tipo de violência, para qualquer tipo de violência. Ponto final. Sem exceções. Não podemos permitir que essa violência seja normalizada".

Trump e Biden estão em uma disputa eleitoral acirrada, de acordo com a maioria das pesquisas de opinião, incluindo a Reuters/Ipsos. O ataque de sábado agitou a discussão em torno da campanha presidencial, que estava concentrada em saber se Biden deveria desistir após um desempenho decepcionante no debate de 27 de junho.

O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, o republicano eleito de mais alto escalão do país, disse ao programa "Today" da NBC no domingo que todos os norte-americanos precisavam diminuir o tom de sua retórica. Ele acusou a campanha de Biden de fazer ataques hiperbólicos a Trump.

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INVESTIGAÇÃO DE ATAQUE

Biden condenou a tentativa de assassinato. Ele ordenou uma investigação sobre o ataque a tiros de sábado em um comício em Butler, Pensilvânia, no qual a orelha direita de Trump foi atingida por uma bala, um apoiador foi morto e outros dois ficaram feridos antes que os agentes do Serviço Secreto matassem a tiros o suspeito de 20 anos, cujo motivo ainda não foi esclarecido.

A campanha de Biden se recusou a comentar as alegações de alguns republicanos de que seus comentários anteriores ajudaram a criar as condições para o tiroteio.

Trump frequentemente recorre a uma retórica violenta em seus discursos de campanha, usando a palavra "banho de sangue", rotulando seus inimigos como "vermes" e "fascistas" e acusando Biden, sem evidências, de uma conspiração para derrubar os Estados Unidos ao incentivar a imigração ilegal.

Para Trump, a convenção representa um teste.

Tendo consolidado o controle do partido, Trump poderia aproveitar a oportunidade do horário nobre para transmitir uma mensagem unificadora ou pintar um retrato sombrio de uma nação sitiada por uma elite esquerdista corrupta, como ele fez algumas vezes durante a campanha.

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"O discurso de Trump na convenção será sua apresentação ao público em geral, às pessoas que não acompanham a política de perto. Acho que ele terá ainda mais atenção (por causa da tentativa de assassinato)", disse Nachama Soloveichik, estrategista republicana que trabalhou na campanha presidencial de Nikki Haley em 2024, que não teve sucesso.

"Eu diria que a mensagem deve ser de redução da escalada e também de lembrar às pessoas que os Estados Unidos são melhores do que isso."

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