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Fernanda Magnotta

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Opinião

Hillary e Biden exaltam Harris, atacam Trump e reavivam Convenção Democrata

O primeiro dia da Convenção Nacional Democrata de 2024, que endossará oficialmente Kamala Harris como candidata à presidência dos Estados Unidos, foi marcado por discursos poderosos que consolidaram a narrativa do partido para esta eleição. Hillary Clinton e Joe Biden se destacaram não apenas pela recepção calorosa que receberam, mas também pela forma como ajustaram suas falas para energizar a base democrata, criticar Donald Trump e reafirmar o compromisso do partido com a democracia.

Hillary Clinton foi ovacionada de maneira impressionante, destacando-se por um discurso cheio de energia e convicção, em nítido contraste com a figura mais controlada e, por vezes, criticada como "robótica" que se apresentou em 2016. Desta vez, Clinton foi enfática em sua reverência a Joe Biden, agradecendo pelo seu serviço e por ter defendido as instituições do país em um momento crítico.

Na defesa das plataformas centrais do partido, Hillary sublinhou o direito ao voto como uma conquista histórica, fazendo referência a figuras femininas icônicas e à sua própria nomeação em 2016. Simbolicamente vestida de branco, como as sufragistas, ela fez questão de ressaltar o compromisso de Kamala Harris com o direito ao aborto e com o respeito aos militares e veteranos, buscando estabelecer uma distinção em relação às polêmicas afirmações recentes de Donald Trump.

Em sua crítica a Trump, aliás, Hillary foi incisiva. Ela destacou que Kamala "pensa no bem das pessoas", enquanto Trump, segundo ela, "só pensa em si mesmo". Lembrou também que Trump agora é um condenado pela Justiça do país, devolvendo com ironia o antigo slogan "Lock Her Up" que ele usou contra ela em 2016. Hillary não deixou de abordar o sexismo presente nos ataques de Trump contra Kamala, como quando ele ridiculariza o nome dela ou sua risada - algo que, segundo ela, é bastante familiar, em alusão à campanha agressiva que ela mesma enfrentou em 2016. Essa mensagem tem sido reforçada por assessores da campanha de 2016 de Hillary, que dizem à imprensa norte-americana que uma vitória de Harris seria um "duplo ajuste kármico" para Hillary - ver Trump derrotado por uma mulher.

A relação entre Clinton e Harris, que já esteve em lados opostos durante as polêmicas primárias democratas de 2008, quando Harris apoiou Obama, evoluiu significativamente ao longo dos últimos anos. As duas compartilharam jantares na casa de Hillary em Washington, focados em discutir, sobretudo, o papel das mulheres na política. Além disso, vários ex-membros do staff de Clinton agora trabalham com Harris, evidenciando essa conexão fortalecida.

O discurso de Joe Biden, por sua vez, foi recebido com emoção coletiva, caracterizando-se como já era de se esperar "passagem oficial de bastão" . Com habilidade, ele equilibrou a apresentação de seus feitos buscando não ofuscar Kamala, concentrando-se em temas como a liberdade e a democracia, além de críticas diretas a Trump. Biden lembrou a violência política, mencionando 6 de janeiro e Charlottesville, e criticou a postura de Trump, que, segundo ele, "só aceita o sistema quando vence", além de apontar sua desconsideração pelos veteranos e "o apoio a ditadores como Putin", em suas próprias palavras.

Biden reforçou pilares de sua política doméstica, alinhando-se à plataforma de Harris ao falar diretamente à classe média e às mulheres, com ênfase em saúde e necessidades básicas. Ele também destacou seus investimentos em infraestrutura, inspirando-se em Franklin D. Roosevelt, cujo retrato adorna o Salão Oval desde que tornou-se presidente. Em termos de Ciência e Tecnologia, Biden reforçou a necessidade de restaurar a competitividade e os empregos, uma referência implícita à China.

No plano internacional, ele foi claro em sua defesa à Ucrânia, na contenção de Pequim e fez um aceno equilibrado na questão Israel-Palestina, reforçando o posicionamento de compromisso com a segurança global.

Em suma, o primeiro dia da Convenção Democrata não apenas uniu figuras importantes do partido, mas também lançou luz sobre os desafios e contrastes desta eleição. Hillary e Biden, com experiências diferentes, mas complementares, pavimentaram o caminho para a candidatura de Kamala Harris, construindo uma narrativa que enfatiza as dores do norte-americano médio e o combate ao autoritarismo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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