Após Israel expandir ataques contra centro de Beirute, medo toma conta de moradores

Por Amina Ismail e Timour Azhari

BEIRUTE (Reuters) - Moradores do centro de Beirute, atingido por um mortal ataque aéreo israelense, ainda estavam em choque nesta sexta-feira em meio à poeira, escombros e vidros quebrados, temendo que, se até mesmo o bairro foi atingido, ninguém no Líbano está a salvo.

Israel intensificou sua campanha no país e tem mirado nas áreas de maioria xiita no sul, nos subúrbios sul de Beirute e no Vale do Bekaa, onde o Hezbollah possui seus redutos.

Contudo, dois ataques no fim de quinta-feira atingiram Al-Basta al-Fouqa, um distrito misto de Beirute, que possui apartamentos para os quais as pessoas fugiram nas últimas duas semanas após seus bairros serem atingidos por Israel.

“Só Deus sabe qual será o próximo alvo. É terrível. No norte, é assustador. No sul, é assustador. No leste, é assustador. No oeste, é assustador. Para onde vamos?”, perguntou Hoda Adly, de 51 anos.

Ela estava fazendo a oração noturna do Islã em casa, na quinta-feira, quando uma bola de fogo saiu do prédio logo ao lado, levantando uma coluna de poeira em volta dela e transformando tudo em um caos.

No dia seguinte, a rua estava coberta de vidro e entulho, assim como de roupas, malas e outros objetos do dia a dia. Nos escombros, as pessoas procuravam por seus pertences, não raro com suas expressões demonstrando choque.

Carros estavam amontoados uns sobre os outros, retorcidos e esmagados pela intensidade da explosão. Muitos moradores usavam máscaras faciais para se proteger da poeira, que permanecia suspensa no ar.

Os dois bombardeios mataram 22 pessoas e feriram 117, afirmaram autoridades de Saúde libanesas. Os ataques tiveram como alvo uma autoridade do Hezbollah, mas fontes de segurança afirmaram que ela sobreviveu.

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Amer El Halabi, de 55 anos, que vive no mesmo prédio de Adly, afirmou que muitos dos desalojados mudaram para o seu bairro, mas temiam que Israel estivesse usando a alegação de que membros do Hezbollah estão no grupo como pretexto para intensificar os bombardeios.

"Esses são todos prédios residenciais, nos quais as pessoas estão vivendo há mais de 30 anos. Que consistência tem eles matarem 22 pessoas? Para quê? Não há mais humanidade”, disse.

Ele contou que estava em casa com a sua mulher quando os ataques aconteceram. Um minuto depois, havia corpos na rua.

O ataque danificou a fachada de pelo menos cinco edifícios, estilhaçando janelas de outros na mesma rua. Em um dos prédios, os restos da sala ficaram expostos, com os retratos da família ainda pendurados na parede.

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