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Reação da Venezuela a veto no Brics foi desproporcional e há mal-estar na relação, diz Amorim

Depois dos ataques do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Itamaraty, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, admitiu que há um "mal-estar" na relação com a Venezuela e classificou de "desproporcional" a reação do país ao veto para entrada no Brics.

"A reação à não entrada da Venezuela é uma reação totalmente desproporcional, cheia de acusações ao presidente Lula e à chancelaria", disse Amorim em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. "Há um mal-estar na relação."

Ainda assim, o embaixador afirmou que não irá responder às acusações de Maduro. O presidente venezuelano afirmou que o governo brasileiro deu uma "punhalada" na Venezuela e acusou o Itamaraty de ter laços com os Estados Unidos e sempre "conspirar" contra seu país.

"Não vou entrar em uma polêmica com Maduro ou com o procurador-geral, que também falou outra bobagem. Deixa falar", disse Amorim.

Internamente, as falas do governo venezuelano irritaram o governo brasileiro e esfriaram ainda mais uma relação que não estava boa há vários meses. O próprio presidente já deixou claro que não pretende falar com Maduro e a decisão do governo é não reconhecer seu novo mandato como presidente, a partir de janeiro, quando está previsto o início do mesmo. O Brasil não reconhece o resultado das eleições.

Amorim ainda defendeu que é preciso manter um canal de diálogo com o país vizinho para tentar ter uma influência positiva, quando possível, mas admite que essa interlocução diminuiu nos últimos tempos.

Sobre o bloqueio do Brasil à entrada da Venezuela no Brics, o embaixador admitiu que o governo brasileiro foi contrário por considerar que, no momento, o país não reúne as condições necessárias de ser um representante da América Latina. Como as decisões no bloco são por consenso, o país não foi admitido entre os membros associados.

"O Brasil não quer uma expansão indefinida (no Brics), o Brasil acha que tem de ser países com influência e possam ajudar a representar a região. E a Venezuela de hoje não preenche essas condições, na nossa opinião", afirmou Amorim.

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