Como o premiê da França virou alvo tanto da esquerda quanto da ultradireita

O governo francês enfrenta um iminente colapso após partidos de extrema-direita e de esquerda apresentarem moções de desconfiança contra o primeiro-ministro Michel Barnier. A crise política gerou incertezas sobre a aprovação do orçamento anual e afetou negativamente os ativos franceses.

O que aconteceu

Investidores reagiram negativamente aos últimos acontecimentos políticos na França. A segunda maior economia da zona do euro enfrenta uma crise política crescente, com sérias dúvidas sobre a aprovação do orçamento anual.

Marine Le Pen, líder do ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN), declarou que "os franceses estão fartos". Ela afirmou que Barnier piorou a situação desde que assumiu como primeiro-ministro em setembro e precisa ser afastado.

A coalizão de Barnier pode ser a primeira a cair por um voto de desconfiança desde 1962. A votação está prevista para a próxima quarta-feira (4), com RN e partidos de esquerda tendo votos suficientes para derrubar o governo.

Barnier tentou aprovar um projeto de lei de seguridade social sem votação no Parlamento. Isso ocorreu após uma concessão de última hora não obter apoio suficiente do RN, levando à apresentação das moções de desconfiança.

Mathilde Panot, da esquerdista França Insubmissa, criticou o governo. Ela afirmou que o caos político é resultado da gestão de Barnier e da presidência de Emmanuel Macron.

Impactos econômicos

O spread entre títulos franceses e alemães aumentou, enquanto o euro perdeu valor. Desde as eleições antecipadas convocadas por Macron em junho, o índice CAC 40 caiu quase 10%, sendo a maior queda entre as principais economias da UE.

Barnier pediu aos parlamentares que não apoiem o voto de desconfiança. Ele destacou que os franceses não perdoarão se interesses individuais forem colocados acima do futuro do país.

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A ruptura com o RN ocorreu devido ao projeto orçamentário proposto pelo premiê. O plano inclui 60 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos para controlar o déficit público crescente da França.

Ambas as partes se culpam pela falta de acordo. Tanto a equipe de Barnier quanto o grupo de Le Pen afirmam ter feito tudo ao seu alcance para chegar a um consenso e estão abertos ao diálogo.

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