EUA querem que Ucrânia realize eleições após um cessar-fogo, diz enviado de Trump

Por Erin Banco e Jonathan Landay

NOVA YORK/WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos querem que a Ucrânia realize eleições, potencialmente até o final do ano, especialmente caso Kiev consiga chegar a um acordo de trégua com a Rússia nos próximos meses, disse à Reuters a principal autoridade do presidente Donald Trump para a Ucrânia.

Keith Kellogg, enviado especial de Trump para a Ucrânia e a Rússia, disse em uma entrevista que as eleições presidenciais e parlamentares ucranianas, suspensas durante a guerra com a Rússia, "precisam ser realizadas".

"A maioria das nações democráticas realiza eleições em seus períodos de guerra. Acho que é importante que eles façam isso", disse Kellogg.

"Acho que isso é bom para a democracia. Essa é a beleza de uma democracia sólida, você tem mais de uma pessoa potencialmente concorrendo."

Trump e Kellogg disseram que estão trabalhando em um plano para intermediar um acordo nos primeiros meses do novo governo norte-americano para acabar com a guerra que eclodiu com a invasão em grande escala da Rússia em fevereiro de 2022.

Eles ofereceram poucos detalhes da estratégia para encerrar o conflito mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, ou de quando poderão revelar esse plano.

O planejamento de Trump ainda está evoluindo e nenhuma decisão política foi tomada, mas Kellogg e outras autoridades da Casa Branca discutiram nos últimos dias a pressão sobre a Ucrânia para que concorde com as eleições, como parte de uma trégua inicial com a Rússia, disseram duas pessoas com conhecimento dessas conversas e uma ex-autoridade dos EUA informada sobre a proposta eleitoral.

Autoridades de Trump também avaliam se devem pressionar por um cessar-fogo inicial antes de tentar intermediar um acordo mais permanente, disseram as duas pessoas familiarizadas com as discussões do governo Trump. Se houvesse eleições presidenciais na Ucrânia, o vencedor poderia ser responsável pela negociação de um pacto de longo prazo com Moscou, disseram essas fontes, que preferiram não ser identificadas.

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Não está claro como essa proposta de Trump seria recebida em Kiev. O presidente Volodymyr Zelenskiy disse que a Ucrânia poderia realizar eleições neste ano se os combates terminarem e se houver fortes garantias de segurança para impedir a Rússia de renovar as hostilidades.

Um conselheiro sênior de Kiev e uma fonte do governo ucraniano disseram que o governo Trump ainda não solicitou formalmente que a Ucrânia realize eleições presidenciais até o final do ano.

O mandato de cinco anos de Zelenskiy deveria terminar em 2024, mas as eleições presidenciais e parlamentares não podem ser realizadas sob a lei marcial, imposta pela Ucrânia em fevereiro de 2022.

Washington levantou a questão das eleições com altos funcionários do gabinete de Zelenskiy em 2023 e 2024 durante o governo Biden, disseram dois ex-funcionários seniores dos EUA.

Autoridades do Departamento de Estado e da Casa Branca disseram a seus homólogos ucranianos que as eleições eram fundamentais para manter as normas internacionais e democráticas, disseram as autoridades.

Autoridades em Kiev recuaram em relação às eleições em conversas com Washington nos últimos meses, dizendo às autoridades de Biden que a realização de pesquisas em um momento tão volátil na história da Ucrânia dividiria os líderes ucranianos e potencialmente convidaria campanhas de influência russa, disseram as duas ex-autoridades americanas.

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(Reportagem de Erin Banco em Nova York e Jonathan Landay em Washington; reportagem adicional de Andrew Osborn em Londres e Tom Balmforth em Kiev)

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