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Morre Claude Lanzmann, autor de documentário que revelou barbáries do nazismo

05/07/2018 13h03

Morreu nesta quinta-feira (5), com 92 anos, o escritor e cineasta Claude Lanzmann, diretor do filme “Shoah”, grande obra de 1985 sobre o extermínio dos judeus da Europa.

O cineasta foi encontrado em sua residência em Paris, cidade onde nasceu, em 1925. Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, Lanzmann fez parte da resistência francesa, antes de se tornar jornalista nos diários France-Dimanche e Les Temps Modernes.

Defensor ferrenho do Estado hebreu, Lanzmann sempre se manteve próximo dessa temática – desde sua primeira obra cinematográfica, o filme “Por quê Israel?”, de 1971. Mas foi o documentário “Shoah”, de 1958, sobre o extermínio dos judeus na Europa, que lhe rendeu a fama e o César de honra em 1986. O filme tem 10 horas de duração e levou 12 anos para ficar pronto.

A obra do diretor continuou a falar sobre as tragédias e feridas da Segunda Guerra: em 2013, ele apresentou o documentário “O Último dos Injustos” em Cannes, que revelou o testemunho do derradeiro presidente do conselho judeu do gueto de Terezin, na República Tcheca, gravado em 1975 em Roma por Lanzmann.

Parceiros na filosofia, amantes na vida

Em 1952, Lanzmann entrou para o círculo de amigos dos filósofos Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir – esta última foi sua amante até 1959. “A presença de Lanzmann ao meu redor me libertará de minha idade”, escreveu de Beauvoir em “A Força das Coisas”. Na época, ela tinha 44 anos e ele, apenas 27.

Simone de Beauvoir viveu uma longa história com Sartre e apaixonou-se pelo escritor americano Nelson Algren, mas Claude Lanzmann foi o único com quem a autora de “O Segundo Sexo”, sempre independente, conseguiu dividir uma casa.

O diretor afirmou no ano passado, durante uma entrevista, que votaria pelo atual presidente Emmanuel Macron. A razão: o fato da primeira-dama Brigitte Macron ter 25 anos a mais que o chefe de Estado o fazia pensar em seu romance com Simone de Beauvoir.

“Eu me apaixonei imediatamente por sua voz, seus olhos azuis, pela pureza de seu rosto e de suas narinas”, escreveu Lanzmann. “Alguma coisa em minha maneira de olhar para ela, ou em minha atenção quando ela começava a falar ou interrompia Sartre, demonstrava todo meu amor.”