Morte de mais 13 militares faz França questionar futuro da missão no Mali
A morte de 13 jovens militares franceses em um acidente de helicóptero no Mali estampa as capas dos jornais do país nesta quarta-feira. A tragédia faz a França refletir, mais uma vez, sobre o futuro da operação militar que já dura seis anos no país africano, para combater o terrorismo na região do Sahel.
"A França chora seus soldados", diz a manchete do Figaro. "Mortos no combate", escreve o Parisien, que também publica na capa as fotos dos 13 militares que perderam a vida na noite de segunda-feira (25), quase todos com menos de 35 anos. O mais jovem tinha apenas 22. Um deles era nascido na Bolívia e foi adotado por franceses quando ainda era bebê, e fez carreira militar na França.
Fazia 36 anos que o balanço de mortes não era tão elevado em uma operação das Forças Armadas do país, relembra o Parisien. Os dois helicópteros de combate se chocaram em uma operação noturna, praticamente sem visibilidade e em meio à poeira de areia dessa zona desértica. Os aparelhos tentavam seguir um veículo no qual estariam alvos terroristas.
41 mortos em seis anos
Na contracapa do Les Echos, o jornal lembra que, até agora, 41 franceses já morreram na operação Serval, iniciada em 2013 no Mali. Uma força de 4 mil e 500 militares da França está envolvida no Sahel, uma presença que, segundo o primeiro-ministro Edouard Philippe, "é indispensável (...) para manter a estabilidade política e o desenvolvimento econômico" da região.
No dia seguinte ao acidente, a imprensa questiona a continuidade dessa missão. Em editorial, Le Figaro sublinha que "mais uma vez, a França paga um preço caro pelo engajamento no Sahel". O texto afirma que já faz algum tempo que especialistas militares e do Estado-maior reavaliam a permanência dos franceses. "Quando os cinco países africanos que deveriam assumir o comando vão tomar o controle e garantir a paz na região?", ressalta o editorial.
Preocupação com o futuro
O Parisien também questiona, com uma certa provocação: "missão impossível para o Exército francês?". O jornal ouviu militares que já participaram de operações no Sahel e descrevem o local como "o mais podre" no qual já atuaram.
No entanto, a descoberta de que as autoridades do Mali tentam viabilizam negociações com os grupos jihadistas levanta preocupação não só em Paris, como em Washington. Ao mesmo tempo, um prometido reforço europeu para essa missão até hoje não se concretizou. Le Figaro reconhece que, ao caçar terroristas no Sahel, a França garante a própria segurança interna e ressalta que "a paz no nosso país se prepara também no Sahel".
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