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Penitenciárias e hospitais da China se tornam novo foco de covid-19

Presidente chinês Xi Jinping usa máscara cirúrgica para se prevenir da covid-19 - Divulgação
Presidente chinês Xi Jinping usa máscara cirúrgica para se prevenir da covid-19 Imagem: Divulgação

Da RFI

21/02/2020 15h34

A China relatou hoje cerca de 500 casos de contaminação por coronavírus em suas prisões, duas prisões cada uma com pelo menos 200 detidos infectados, o suficiente para alimentar o medo de novas fontes de disseminação da epidemia.

Hubei, a província da China central no epicentro da epidemia do novo coronavírus, anunciou 271 casos de contaminação em suas prisões, incluindo 220 casos que ainda não haviam sido identificados.

Cerca de 230 destes casos foram registrados numa única prisão de mulheres em Wuhan, capital de Hubei, e 41 pacientes contaminados em outro centro penitenciário, disse He Ping, diretor de administração penitenciária do Ministério da Justiça da China. "Eu assumo a responsabilidade", disse, em entrevista coletiva.

Além de Hubei, pelo menos 34 outros casos de contaminação foram identificados na prisão de Shilifeng, na província oriental de Zhejiang. Um guarda, empregado da prisão afetada, "deliberadamente ocultou" que ele havia viajado a Hubei em meados de janeiro, mas continuou trabalhando, disse Xu Xiaobo, subsecretário de justiça em Zhejiang.

O guarda, cujo teste deu positivo para o coronavírus em 29 de janeiro, "infectou muitos prisioneiros", disse Xiabo. Segundo ele, os presos contaminados estão agora isolados para receber tratamento. Além disso, pelo menos 200 detidos e sete guardas da prisão de Rencheng, na província de Shandong (leste) foram infectados com o Covid-19, disseram autoridades locais de saúde nesta sexta-feira.

Novos surtos em confinamento

"A implementação de medidas de prevenção e controle não foi eficaz", admitiu na sexta-feira Wu Lei, chefe da administração penitenciária de Shandong, em entrevista coletiva. Apesar das medidas drásticas de contenção e restrições ao movimento em todo o país, esse aumento na contaminação nas prisões suscita temores do surgimento de novos surtos de contágio em locais onde grandes populações estão confinadas.

Os anúncios de sanções choveram nesta sexta-feira contra funcionários da prisão acusados ??de terem demonstrado negligência. De acordo com o Hubei Daily, um jornal local oficial, a diretora da prisão feminina de Wuhan foi demitida. Em Zhejiang, o diretor da prisão de Shilifeng também foi demitido, juntamente com uma autoridade local.

Em Shandong, o governo central encomendou uma missão para conduzir uma "investigação completa" na prisão de Rencheng, segundo a agência de notícias estatal China. Mas Xie Weijun, o oficial de justiça em Shandong, e sete outros funcionários da prisão, já foram demitidos, disse o governo da província.

A diáspora uigur alerta há várias semanas sobre os riscos de um "contágio maciço" pelo vírus nos centros de internação em Xinjiang (noroeste da China). Segundo ONGs e especialistas, centenas de milhares de membros dessa etnia muçulmana estão detidos nessa região, lugar, durante um longo período, de violentas tensões interétnicas e ataques sangrentos atribuídos por Pequim a separatistas e islamitas.

Outra fonte potencial de contágio são os hospitais. Em Pequim, 36 pacientes, equipe médica e parentes de pacientes, testaram positivo para coronavírus no único hospital de Fuxing, um estabelecimento parcialmente isolado desde 31 de janeiro.

Uma mulher idosa em tratamento renal também foi infectada no Hospital Popular da Universidade de Pequim depois de ser visitada por dois membros da família infectados, informou o estabelecimento.