'Ibiza dos Alpes', estação de esqui na Áustria espalhou coronavírus na Europa
Uma das mais belas estações de esqui da Áustria está sendo apontada como uma das responsáveis por ter espalhado o novo coronavírus na Europa. Situada próxima da fronteira com a Suíça, a cidade de Ischgl recebe turistas do mundo todo. Em países como a Noruega, mais de 40% dos casos de Covid-19 confirmados foram registrados em pessoas que passaram pelo resort de inverno austríaco.
Uma foto da cidadezinha de Ischgl no inverno, cercada com montanhas e neve, em pleno Tirol austríaco, é para muitos o sonho de uma viagem inesquecível. Mas este ano, os milhares de turistas que visitaram a "Ibiza dos Alpes", em fevereiro, estão inquietos e com medo de que as férias de inverno possam se tornar em um pesadelo.
Como "incubadora" perfeita para o novo coronavírus, o antigo vilarejo de agricultores de Ischgl, no Vale do Paznaum, tem apenas 1.600 habitantes. Mas durante as altas temporadas turísticas pode receber até 10 mil pessoas. É a partir de lá que se pode chegar a uma das maiores estações de esqui nos Alpes, a Silvretta Arena.
O local é tão badalado que, no início e final de cada temporada, artistas pop internacionais se apresentam em "Concertos no Topo da Montanha". Este ano, a festa de abertura foi a mesma, sem que os convidados soubessem que a covid-19 estava entre eles na balada. Centenas de turistas da Alemanha, Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia voltaram para casa infectados.
Quando as autoridades sanitárias na Áustria perceberam a gravidade do problema, o estrago já estava feito. Esta semana a Noruega declarou que mais do que 40% dos 1.400 casos no país são de noruegueses que estiveram esquiando na região.
Islandeses alertaram, mas não foram ouvidos
As primeiras evidências do foco de contaminação que se disseminou a partir da estação de esqui austríaca veio da Islândia. No início de março, o governo de Reykjavik descobriu 14 passageiros de um vôo da Iceland Air vindos de Munique, na Alemanha, que estavam retornando de Ischgl. Na época, as autoridades islandesas informaram o governo austríaco, que rejeitou o alerta.
A Áustria só começou a adotar medidas mais estritas duas semanas depois, quando 15 pessoas que trabalhavam na estação de esqui contraíram a Covid-19. Mesmo assim, mantiveram os teleféricos e hotéis funcionando.
O vírus continuou se espalhando e somente há alguns dias o Vale do Paznaum foi finalmente colocado sob quarentena. Políticos austríacos se defendem, argumentando que fizeram todo o possível para evitar a propagação do vírus logo que souberam da gravidade da epidemia.
Há dias, a imprensa da Alemanha escreve sobre o escândalo da cidadezinha austríaca, que recebe inúmeros turistas alemães todo ano. Em entrevista à revista Der Spiegel, o prefeito de Ischgl, Werner Kurz, confessou que a situação é uma catástrofe para a cidade.
"Nós ainda não estamos falando sobre as consequências econômicas. Mas nós iremos superar isso, assim como temos sido capazes de superar enchentes e avalanches no passado", disse.
No momento, mais de 100 pessoas que trabalharam durante as férias de inverno na região e mais duas dúzias de turistas austríacos estão confinados em Ischgl sob quarentena.
Segundo dados desta quinta-feira (19), dos 1.843 casos de infectados na Áustria, 522 estão na região do Tirol, onde fica o vilarejo de Ischgl.
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