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'Ibiza dos Alpes', estação de esqui na Áustria espalhou coronavírus na Europa

13.mar.2020 - A cidade de Ischgl, na Áustria, com uma das estações de esqui mais famosas com turistas do mundo todo, foi fechada em função da pandemia de coronavírus - Jakob Gruber/APA/AFP
13.mar.2020 - A cidade de Ischgl, na Áustria, com uma das estações de esqui mais famosas com turistas do mundo todo, foi fechada em função da pandemia de coronavírus Imagem: Jakob Gruber/APA/AFP

19/03/2020 15h10

Uma das mais belas estações de esqui da Áustria está sendo apontada como uma das responsáveis por ter espalhado o novo coronavírus na Europa. Situada próxima da fronteira com a Suíça, a cidade de Ischgl recebe turistas do mundo todo. Em países como a Noruega, mais de 40% dos casos de Covid-19 confirmados foram registrados em pessoas que passaram pelo resort de inverno austríaco.

Uma foto da cidadezinha de Ischgl no inverno, cercada com montanhas e neve, em pleno Tirol austríaco, é para muitos o sonho de uma viagem inesquecível. Mas este ano, os milhares de turistas que visitaram a "Ibiza dos Alpes", em fevereiro, estão inquietos e com medo de que as férias de inverno possam se tornar em um pesadelo.

Como "incubadora" perfeita para o novo coronavírus, o antigo vilarejo de agricultores de Ischgl, no Vale do Paznaum, tem apenas 1.600 habitantes. Mas durante as altas temporadas turísticas pode receber até 10 mil pessoas. É a partir de lá que se pode chegar a uma das maiores estações de esqui nos Alpes, a Silvretta Arena.

O local é tão badalado que, no início e final de cada temporada, artistas pop internacionais se apresentam em "Concertos no Topo da Montanha". Este ano, a festa de abertura foi a mesma, sem que os convidados soubessem que a covid-19 estava entre eles na balada. Centenas de turistas da Alemanha, Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia voltaram para casa infectados.

Quando as autoridades sanitárias na Áustria perceberam a gravidade do problema, o estrago já estava feito. Esta semana a Noruega declarou que mais do que 40% dos 1.400 casos no país são de noruegueses que estiveram esquiando na região.

Islandeses alertaram, mas não foram ouvidos

As primeiras evidências do foco de contaminação que se disseminou a partir da estação de esqui austríaca veio da Islândia. No início de março, o governo de Reykjavik descobriu 14 passageiros de um vôo da Iceland Air vindos de Munique, na Alemanha, que estavam retornando de Ischgl. Na época, as autoridades islandesas informaram o governo austríaco, que rejeitou o alerta.

A Áustria só começou a adotar medidas mais estritas duas semanas depois, quando 15 pessoas que trabalhavam na estação de esqui contraíram a Covid-19. Mesmo assim, mantiveram os teleféricos e hotéis funcionando.

O vírus continuou se espalhando e somente há alguns dias o Vale do Paznaum foi finalmente colocado sob quarentena. Políticos austríacos se defendem, argumentando que fizeram todo o possível para evitar a propagação do vírus logo que souberam da gravidade da epidemia.

Há dias, a imprensa da Alemanha escreve sobre o escândalo da cidadezinha austríaca, que recebe inúmeros turistas alemães todo ano. Em entrevista à revista Der Spiegel, o prefeito de Ischgl, Werner Kurz, confessou que a situação é uma catástrofe para a cidade.

"Nós ainda não estamos falando sobre as consequências econômicas. Mas nós iremos superar isso, assim como temos sido capazes de superar enchentes e avalanches no passado", disse.

No momento, mais de 100 pessoas que trabalharam durante as férias de inverno na região e mais duas dúzias de turistas austríacos estão confinados em Ischgl sob quarentena.

Segundo dados desta quinta-feira (19), dos 1.843 casos de infectados na Áustria, 522 estão na região do Tirol, onde fica o vilarejo de Ischgl.